ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 04.05.1998.
Aos quatro dias do mês de
maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antônio
Losada, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Guilherme Barbosa, Henrique
Fontana, João Dib, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário,
Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia,
Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Motta, Juarez
Pinheiro, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sônia
Santos, João Batista Pirulito e Jocelin Azambuja. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Oitava Sessão
Ordinária, da Oitava e da Nona Sessões Solenes, que, juntamente com as Atas da
Vigésima Sétima Sessão Ordinária e da Sexta e da Sétima Sessões Solenes, foram
aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03
Pedidos de Providências; pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de
Informações nº 53/98 (Processo nº 1326/98); pelo Vereador Fernando Záchia, a
Indicação nº 34/98 (Processo nº 1342/98); pelo Vereador João Dib, os Pedidos de
Informações nºs 54 e 56/98 (Processos nºs 1336 e 1403/98, respectivamente);
pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Informações nº 55/98 (Processo nº
1337/98); pelo Vereador Renato Guimarães, a Indicação nº 36/98 (Processo nº
1369/98) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 55/98 (Processo nº 1319/98); pela
Vereadora Tereza Franco, as Indicações nºs 31, 33 e 35/98 (Processos nºs 1311,
1313 e 1350/98, respectivamente). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 53/98,
do Senhor Paulo Vidal, Deputado Estadual/RS; 161/98, do Senhor Paulo Afonso
Feijó, Presidente da Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS; 228 e
229/98, do Senhor Martim Saraiva Barboza, do Gabinete do Vice-Governador do
Estado/RS; s/nº, do Grupo Pró Vida; s/nº, do Senhor Gildo Milman, do Conselho
Consultivo da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão – AGERT;
Cartões: do Tenente-Coronel Engenheiro Carlos José Sampaio Malan, Comandante do
6º Batalhão Especial de Combate; do General Luís Felipe Médici Candiota,
Comandante da 3ª Região Militar; do Tenente Coronel da Cavalaria Ricardo de
Mattos Cunha, Comandante do 3º RCGD; Fax do Coronel da Cavalaria Vanderlei
Soares Ocanha, Comandante do 19º RC do MEC; Impresso: da Associação dos
Ex-bolsistas na Alemanha – AEBA e da Associação Riograndense de Estagiários na
França – ARDEF, divulgando o curso de Direito Ambiental; Telegramas: do Senhor
Nelson Boeira, Secretário de
Estado da Cultura/RS; do Senhor
Bernardo de Souza, Deputado Estadual/RS; do Deputado José Ivo Sartori,
Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo
nº 47/98, discutido pelo Vereador João Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº
53/98, discutido pelos Vereadores João Dib, Renato Guimarães e José Valdir, o
Projeto de Lei do Executivo nº 12/98, discutido pelos Vereadores Clênia
Maranhão, Renato Guimarães e José Valdir; em 2ª Sessão, os Projetos de
Resolução nº 22 e 21/98, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa,
Clênia Maranhão e Renato Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo nº 141/96;
em 3ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 02/98, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 54/91,
49/98 e 10/96, este discutido pela Vereadora Clênia Maranhão. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Carlos Garcia comentou Convenção Regional do PSB, realizada
durante o último final de semana, na qual foram eleitos os novos membros da
Executiva e do Diretório Regional do Partido, bem como indicada a candidatura
do Senhor José Paulo Bisol ao Senado Federal. Ainda, reportando-se à nota publicada na edição de hoje do Jornal Correio
do Povo, afirmou não estar concorrendo à uma vaga na Assembléia Legislativa do
Estado. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador José Valdir, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos. Também, foi apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor
Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja,
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e de
Direitos Humanos. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Carlos Garcia,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias quatro, cinco e seis de
maio do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente João Batista Pirulito, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Educação, Cultura e Esportes. A seguir, foi iniciado o período de
GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do primeiro ano de
falecimento do Professor Paulo Freire, nos termos do Requerimento nº 87/98
(Processo nº 936/98), de autoria do Vereador José Valdir. Compuseram a Mesa: o
Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor
José Clóvis de Azevedo, Secretário Municipal da Educação; a Senhora Mara Regina
Tarouco Moreira, representante do Centro Municipal de Educação de Trabalhadores
"Paulo Freire"; a Senhora Liana Borges, Coordenadora do Serviço de
Educação de Jovens e Adultos - SEJA; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário da
Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador José Valdir discorreu acerca da
concepção pedagógica e didática desenvolvida por Paulo Freire, comentando
aspectos referentes à sua obra e a seu espírito revolucionário, o qual buscava
sempre a transformação da sociedade brasileira através da educação. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou, como extensão da Mesa, a presença
da Senhora Míriam Pereira Lemos, Diretora da Escola Municipal Porto Alegre, de
Professores e Alunos da Escola do Centro Municipal de Educação de Jovens e
Adultos e de representantes do Serviço de Educação de Jovens e Adultos - SEJA.
Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Liana Borges, que
destacou a importância da presente solenidade, analisando o significado do
referencial pedagógico e político traduzido pela obra de Paulo Freire, como
meio de transformação da atual conjuntura social brasileira. A seguir, procedeu-se
à apresentação de cartazes confeccionados pelos alunos do Serviço de Educação
de Jovens e Adultos - SEJA. Às quinze horas e cinco minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, tendo os mesmos sido retomados às quinze horas
e nove minutos, constatada a
existência de "quorum". Após, o Vereador Renato Guimarães formulou
Requerimento verbal, solicitando fosse declarada a prejudicialidade do Projeto
de Lei do Legislativo nº 46/98 (Processo nº 1074/98), alegando já estar tramitando na Casa outro projeto
versando sobre o mesmo tema, ao que o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca dos procedimentos a serem adotados em casos semelhantes, e determinou
fosse esse Requerimento do Vereador Renato Guimarães formalizado por escrito.
Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Adeli Sell teceu considerações sobre o
resultado das eleições prévias realizadas pelo Partido dos Trabalhadores,
quando foram escolhidos os candidatos desse Partido que concorrerão às eleições
de outubro do corrente, alegando que, apesar das divergências existentes, os
nomes escolhidos assim o foram dentro dos princípios democráticos. O Vereador
João Carlos Nedel, reportando-se a artigo publicado na edição de hoje do Jornal
Correio do Povo, intitulado "MST vai acampar nos supermercados",
comentou aspectos referentes à ideologia pregada por este movimento, analisando
a política adotada pelo Governo Federal no referente à questão agrária. Na
ocasião, foi apregoada a Emenda nº 14, de autoria do Vereador Clovis Ilgenfritz,
ao Projeto de Resolução nº 32/97 (Processo nº 3176/97). Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador João Dib, ao referir-se à realização, no dia trinta de abril do
corrente, de seminário sobre finanças municipais e nacionais, promovido pela
Comissão de Economia, Finanças e Orçamento deste Legislativo, teceu críticas à
sistemática utilizada no Município para a tomada de decisões e para a
destinação de verbas de obras abrangidas pelo Orçamento Participativo. O
Vereador Elói Guimarães registrou que será realizado, no dia de hoje, o
Encontro Regional do PDT, que contará com a participação de representantes
oriundos de várias localidades gaúchas, evento no qual será oficializada a
candidatura da Senadora Emília Fernandes ao Governo do Estado. Ainda, discorreu sobre a decisão tomada pelo PT do Rio
de Janeiro, contrária à coligação com o PDT para a indicação de candidatos à
Presidência e à Vice-Presidência da República. Na oportunidade, o Senhor
Presidente deferiu Requerimento formulado anteriormente pelo Vereador Renato
Guimarães, relativo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 46/98, e prestou
esclarecimentos acerca das disposições regimentais para tramitação, na Casa, de
projetos que tenham o mesmo objeto, tendo os Vereadores Nereu D'Ávila, Renato
Guimarães e Clovis Ilgenfritz manifestado-se acerca das informações prestadas
pelo Senhor Presidente. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Motta pronunciou-se acerca de aspectos
conjunturais relativos aos posicionamentos adotados pelos partidos políticos de
esquerda no País, em especial quanto à possibilidade de alianças para as
eleições de outubro do corrente. Também, referiu-se à realização, em Porto Alegre,
da "I Conferência Mundial de Direitos Humanos", do dia quinze ao dia
dezessete de maio do corrente. O Vereador Juarez Pinheiro teceu considerações
acerca dos reflexos que poderão ser
sentidos no cenário político federal e estadual, com a indicação dos Senhores
Olívio Dutra e Miguel Rosseto como candidatos à Governador e Vice-Governador do
Estado, e do Senhor José Paulo Bisol como candidato ao Senado Federal. Ainda,
analisou as principais conclusões obtidas durante a Segunda Conferência de Cúpula das Américas. Na ocasião, a Vereadora
Maria do Rosário formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca
da proporcionalidade da representação da Bancada do PT na composição de
Comissões Especiais neste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Cláudio
Sebenelo discorreu a respeito de aspectos urbanísticos e paisagísticos a serem
avaliados, a fim de que o novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental possa indicar diretrizes que possibilitem a expansão física de Porto
Alegre, de maneira racional e organizada. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Guilherme Barbosa comentou a decisão tomada pelo PT gaúcho, de indicar os
Senhores Olívio Dutra e Miguel Rosseto como candidatos ao Governo do Estado,
bem como referendar o nome do Senhor José Paulo Bisol para a disputa de uma
vaga no Senado Federal, afirmando a qualidade e o alto nível de formação
política apresentados por estes candidatos. O Vereador Pedro Américo Leal
manifestou-se a respeito dos nomes indicados nas eleições prévias do PT e pelo
XIII Encontro Extraordinário Estadual desse Partido, com o objetivo de
concorrer às eleições de outubro do corrente, mencionando possíveis efeitos
que tais indicações poderão acarretar no resultado das referidas eleições.
O Vereador Cláudio Sebenelo registrou a posse do Senhor João Gilberto Lucas
Coelho no cargo de Secretário Extraordinário para a Metade Sul do Estado, salientando
que a atividade de Sua Senhoria será fundamental para o encaminhamento de soluções
aos problemas estruturais e agrícolas observados nessa região. O Vereador Nereu
D'Ávila reportou-se à realização, no dia de hoje, de Encontro Regional do PDT,
no qual será ratificada a indicação da Senadora Emília Fernandes como candidata
do Partido às eleições para o Governo do Estado. Ainda, referiu-se às
conseqüências políticas ora observadas, decorrentes da rejeição da proposta
de aliança entre o PT e o PDT para a disputa das eleições presidenciais.
Na oportunidade, foi apregoado Requerimento do Vereador Nereu D'Ávila,
solicitando renovação de votação do Projeto de Resolução nº 20/98 (Processo nº
1158/98). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja denunciou estar
o Parque Marinha do Brasil exposto a uma situação de abandono, propugnando por
medidas de conservação mais efetivas por parte do Executivo Municipal, bem como
pela realização de obras que permitam maior aproveitamento dos recursos de
lazer desse parque. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão
Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo nº 41/96,
em sua parte vetada, considerando-se aceito o Veto Parcial a ele aposto, por dezesseis
votos SIM e quinze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
Juarez Pinheiro, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e João Dib, tendo votado Sim os
Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini,
Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo
Pujol, Sônia Santos e Jocelin Azambuja, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio
Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,
Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro,
Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães e João Batista Pirulito.
Após, o Senhor Presidente solicitou aos Líderes de Bancadas que indicassem os
seus representantes para integrarem a Comissão Especial destinada a analisar o
II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - PDDUA. Na ocasião, foi
aprovado Requerimento verbal do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando alteração
na ordem de apreciação da matéria a ser votada. Após, foi apregoado
Requerimento verbal do Vereador Paulo Brum, para votação, em primeiro lugar, de
Requerimento de sua autoria, que solicita urgência na tramitação do Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 02/98, o qual foi encaminhado à votação
pelos Vereadores Maria do Rosário, Luiz Braz, João Dib e Nereu D'Ávila. Na
oportunidade, o Vereador Juarez Pinheiro, através de Questão de Ordem,
manifestou-se acerca do pronunciamento do Vereador Nereu D'Ávila, de encaminhamento
à votação do Requerimento verbal formulado pelo Vereador Paulo Brum, acima
referido, e, face à Questão de Ordem
formulada pela Vereadora Maria do Rosário, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos acerca deste Requerimento. Também, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, das dezessete horas e cinqüenta e cinco minutos às
dezoito horas e seis minutos. Na ocasião, a Vereadora Maria do Rosário formulou
Requerimento verbal, solicitando cópias do discurso do Vereador Nereu D'Ávila,
efetuado por ocasião do encaminhamento à votação do Requerimento verbal do
Vereador Paulo Brum, anteriormente referido. Também, foi votada a prorrogação
da presente Sessão, que obteve onze votos SIM e um voto NÃO, em votação nominal
solicitada pelo Vereador Renato Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores
Anamaria Negroni, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib,
Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e
Jocelin Azambuja e Não o Vereador Adeli Sell, votação esta considerada nula
pelo Senhor Presidente, face à inexistência de "quorum" deliberativo.
Na oportunidade, face à Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Jocelin
Azambuja, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca das disposições
regimentais relativas à determinação do "quorum" para votações. Às
dezoito horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de
"quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz, Juarez Pinheiro e Paulo Brum, e secretariados
pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Do que eu,
Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à
1ª SESSÃO
PROC.
1201/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 047/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini,
que autoriza o Poder Executivo Municipal a firmar convênio para a execução do
serviço de Inspeção Veicular de Segurança.
PROC.
1270/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães,
que disciplina o uso do letreiro afixado em ônibus e lotação no Município de
Porto Alegre.
PROC.
1327/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/98, que dispõe sobre o Órgão de Controle
Externo dos Conselhos Tutelares, acrescenta dispositivos à Lei nº 7394, de 28
de dezembro de 1993, e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
1204/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 021/98, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº 1.308, de 27 de dezembro de 1995, que
determina prazo para a Câmara Municipal de Porto Alegre adotar em seus papéis
de expediente o do tipo não-clareado com cloro, e dá outras providências.
PROC.
1283/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 022/98, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Lei nº 5.626, de
18 de setembro de 1985, que estabelece gratificação por atividade especial com
risco de saúde aos funcionários que exercem atribuições de cargo da classe de
Mimeografista na Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
2229/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 141/96, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
estabelece normas para a exploração do serviço autônomo de frete no Município
de Porto Alegre.
3ª SESSÃO
PROC.
1170/98 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
dá nova redação ao art. 54 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
(eleição da Mesa Diretora)
PROC.
0947/91 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/91, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
modifica o art. 1º da Lei nº 5824, de 22 de dezembro de 1986, que dispõe sobre
a fixação do horário de atendimento ao público nas instituições financeiras do
Município de Porto Alegre e acrescenta parágrafos 1º, 2º e 3º. Com Substitutivo nº 01.
PROC.
0480/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
autoriza o Poder Executivo a implantar uma pista exclusiva para ciclistas,
entre a Av. Baltazar de Oliveira Garcia e a Usina do Gasômetro, denominando-a
“Ciclovia do Trabalhador”, e dá outras providências.
PROC.
1213/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 049/98, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que
denomina Rua Valdir Antonio Lopes um logradouro público localizado no Bairro
Três Figueiras.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
um Projeto de Resolução da Mesa
Diretora em 2ª Sessão de Pauta cujo objetivo é alterar a Resolução nº 1308 de
27 de dezembro de 1995 que determina prazo para a Câmara Municipal de Porto
Alegre adotar em seus papéis de expediente o do tipo não clareado com cloro e
dá outras providências. Recordando um pouco quando estava na titularidade do
seu mandato o nosso amigo, companheiro e Ex-Vereador Darci Campani, ele propôs
um Projeto de Lei e um Projeto de Resolução, respectivamente para o Executivo e
para o Legislativo, para que fosse implementado um percentual de vinte por
cento ao ano, trocando o papel branqueado com cloro pelo papel que não é
tratado com cloro. Conhecemos todas as argumentações; somos sabedores de que o
cloro pode trazer benefícios ao ser humano, como, por exemplo, quando utilizado
no tratamento da água potável, mas, em algumas circunstâncias, também pode
causar uma agressão muito forte ao meio ambiente.
Esta
Casa aprovou os dois Projetos do Ver. Darci Campani, hoje, novamente,
Diretor-Geral do DMLU e começamos a implementar essa resolução no ano passado.
Agora, a Mesa propõe essa modificação dizendo que devemos utilizar o papel
não-clorado desde que seu preço seja equivalente ao papel branqueado com cloro.
É
importante a argumentação, sim: temos que pensar, sempre, em ter menores custos
em nossas instituições públicas, porque, afinal, o dinheiro é do povo e devemos
otimizar a sua utilização. No entanto, creio que devemos enfrentar essa discussão
e estou aqui tentando abrir esse debate.
É
sabido que, se nós não tomarmos algumas medidas que sejam avançadas do ponto de
vista ambiental, ficaremos, permanentemente, na situação em que estamos.
Considero que o exemplo que podemos utilizar é o caso do ex-estudante e, agora,
agrônomo, o Carlos Dayrell - a quem, inclusive, a Câmara aprovou a concessão de
um Título de Cidadão de Porto Alegre -, que, nos idos da década de setenta,
subiu em uma árvore situada ao lado da Faculdade de Direito da UFRGS que ia ser
derrubada para construção de um viaduto, criando um fato político muito forte,
e ajudou muito o despertar das consciências na defesa do meio ambiente. A
árvore lá está, o viaduto foi construído e o fato contribuiu para que todos nós
pensássemos um pouco mais no meio ambiente.
Então,
encaminhei ao Sr. Presidente um Pedido de Informações interno para saber quanto
significaria gastarmos a mais com papel não-clorado - se só utilizássemos esse
papel - e o quanto isso representaria no orçamento da Casa. Creio que essa
relação é importante, porque, mesmo que seja caro em algumas situações - como é
o caso do envelope, três vezes mais caro, mas não é o caso do papel ofício e o
do bloco para rascunho, em torno de duas vezes, uma vez e meia mais caro -,
mesmo que haja essa diferença é importante que coloquemos esse acréscimo no
todo do orçamento da Casa. Pode ser que essa diferença, no todo, pese muito
pouco, e, portanto, seja importante que continuemos a utilizá-lo. Sabemos que
se crescer a utilização desse papel, protegendo o meio ambiente, ele ficará
cada vez mais barato. Por isso, talvez seja importante que continuemos a
utilizá-lo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder, pelo PSB.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste
fim de semana, o Partido Socialista Brasileiro realizou a sua maior convenção
dos últimos anos aqui no Estado. Foi eleita a nova Executiva, o novo Diretório,
o companheiro Beto Albuquerque irá continuar dirigindo o nosso Partido por mais
dois anos e, para a majoritária, foi eleito - e será o futuro Senador deste
Estado - José Paulo Bisol.
Hoje,
no “Correio do Povo”, surgiu uma informação relativa à minha candidatura.
Fiquei muito contente pelo fato de que vários companheiros indicaram o meu nome
para candidato a Deputado Estadual, mas fizemos questão de ocupar a tribuna,
neste fim de semana, e dissemos que nós não somos candidatos a Deputado
Estadual e que estamos, sim, trabalhando com o Partido para eleger os nossos
candidatos; não só o candidato do PSB, mas os candidatos da Frente Popular que
- consumada ontem - tem Olívio Dutra como candidato a Governador, Miguel
Rosseto como candidato a Vice-Governador, José Paulo Bisol como candidato ao
Senado e todos os demais companheiros candidatos a Deputado Estadual e Federal.
Esse é o meu compromisso, como homem de partido, nesses dias. Esperamos que, em
4 de outubro, a Frente Popular possa ter a hegemonia deste Estado para, nos
próximos quatro anos e neste novo milênio, mostrar, realmente, o trabalho que
podemos desenvolver. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Pauta do dia de hoje, há dez Projetos de Leis; três Projetos em 1ª Sessão. É
uma Casa profícua. Pretendo analisar dois que estão em 1ª Sessão. O Projeto do
Ver. Hélio Corbellini que pretende autorizar o Executivo Municipal a firmar
convênio para execução do serviço de inspeção veicular de segurança.
Eu
ouvi, recentemente, aqui, o Deputado Beto Albuquerque e líderes desta Casa
falarem em inspeção veicular - não sei bem se eles conhecem o que seja inspeção
veicular - e faziam cálculos de que passariam, para os cofres municipais, 33
milhões de reais anualmente. Esqueciam-se eles que, para que isso ocorra, é
necessário que haja serviços implantados e uma série razoável de funcionários.
Basta ver que a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Transportes, não
faz a inspeção veicular, nós chamamos de vistoria, a não ser para 1.500 ônibus,
3.900 táxis e talvez algumas centenas de carros contratados pelo Município e
escolares. De qualquer forma, não chegam a 10 mil. Não são os 650 mil segundo
os doutos da matéria, que diziam que seriam necessários 100 postos diferentes
para que se fizesse essa inspeção veicular. Os 33 milhões podem ser 33 milhões,
mas não na sua integralidade e talvez não cheguem a muito mais dos que os 10%
que estariam destinados à Prefeitura, tranqüilamente, mesmo sem implantar o
serviço. O Ver. Hélio Corbellini pretende, no seu parágrafo segundo, que o
Poder Executivo Municipal possa firmar convênios com outro Município para
execução, em regime de consórcio, dos serviços de inspeção veicular de
segurança. Ora, Porto Alegre vai ter
bastante problema para analisar os seus. Resta dizer que o CONAMA e CONTRAN
ainda não regulamentaram o artigo 104 do Código Nacional de Trânsito; então, há
de se esperar um pouco para ver como fica a coisa, mas a pressa é fazer leis.
O
Ver. Renato Guimarães quer disciplinar o uso de letreiro afixado em ônibus e
lotação no Município de Porto Alegre. É uma boa idéia, sem dúvida nenhuma,
basta que se conheça bastante a matéria e que já existe lei a esse respeito.
Para que se faça uma nova lei há a necessidade de adaptar a anterior ou até de
fazer uma modificação. Mas, talvez, um Pedido de Providências resolvesse
melhor, já que o Vereador pertence à
Bancada do Governo.
Agora,
dou razão ao Ver. Hélio Corbellini que tem um Projeto de Lei que tenta
consolidar a legislação no Município. A proposta feita pelo Ver. Renato
Guimarães vai trazer mais confusão no tumultuado cipoal de leis que rege o
transporte coletivo e o transporte público desta Cidade. Creio que haveria a
necessidade de se fazer uma consolidação.
O Sr. Nereu D’Ávila: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Exatamente sobre o tema que V. Exa. está abordando com muita
propriedade, a Procuradoria, em seu Parecer prévio, com relação a esse Projeto
que altera os letreiros, - não sei se V. Exa. teve oportunidade de ler -
exatamente vem ao encontro do que V. Exa. está dizendo. Eu creio que a propositura, a intenção é até
razoável, mas confronta-se com o dispositivo de outra lei que, esta aqui, não
tem nada a ver.
Então,
teria que modificar a outra lei e, por conseqüência, modificar as resoluções
pertinentes aquela lei. De modo que, no tempo e no espaço, o Projeto está
mal-elaborado e não insere-se no contexto ao qual ele quer atingir. Portanto, muito
bem apanhado por V. Exa., a eqüidade, porque esta Casa não pode estar fazendo
leis - como diz V. Exa.- como história em quadrinhos.
O SR. JOÃO DIB: Certo, nobre Vereador! Encerro o meu
pronunciamento, Sr. Presidente, acho que a consolidação das leis é urgente,
necessária e indispensável e a Secretaria do Governo Municipal está aparelhada
para que se possa fazer tal trabalho. Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, porto-alegrenses, educadores que já se encontram no nosso Plenário
para a homenagem do 1º Ano de falecimento do nosso querido e inesquecível
educador Paulo Freire.
Neste
período de discussão preliminar de Pauta eu queria referir-me a três Projetos
que estão em discussão que considero super-importantes e que devem através de
nossas Comissões serem enriquecidos com debates, com consulta para o seu
aprimoramento. Primeiro, refiro-me ao Projeto do Executivo, ora em tramitação,
que procura a implantação do controle externo em relação aos conselhos
tutelares. A experiência dos conselhos tutelares em nossa Cidade tem
demonstrado resultados importante no atendimento das crianças e dos adolescentes,
apesar das extremas dificuldades que hoje vivem os conselheiros, pela falta de
estrutura para o desempenho de suas atividades. Em outras oportunidades temos
discutido desta tribuna a necessidade da criação da estrutura para o desempenho
de suas funções com melhores condições.
É
necessária também uma regulamentação institucional para que haja uma
delimitação das funções e das atividades dos Conselheiros, que permita que
desempenhem suas funções de forma mais delimitada e, portanto, cada vez mais
qualificada e de acordo com as necessidades da grande maioria das crianças e
adolescentes que são atendidos diariamente nos Conselhos Tutelares. Essa
discussão é longa porque o projeto contém inúmeros artigos, e vai exigir desta
Casa um aprofundamento, tendo em vista que esses Conselhos são formados por
Conselheiros votados pela população, a partir de uma legislação, que é o
Estatuto da Criança e do Adolescente, que regulamenta de forma geral a atuação
dos Srs. Conselheiros.
O Sr. Nereu D’Ávilla: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Quero me congratular com o pronunciamento de V. Exa., já que a
questão dos Conselhos Tutelares é da mais alta importância para todos nós,
inclusive no final do mês estaremos escolhendo os novos Conselheiros. Quero contribuir
com o oportuno pronunciamento de V. Exa. dizendo que examinando o Projeto,
ainda que perfunctoriamente, detectei duas coisas essenciais que devem ser
alteradas. Primeiro, não encontrei quem formará a Corregedoria que está sendo
criada; segundo, o Presidente da Corregedoria é quem escolherá o relator dos
processos que lá irão tramitar. É temerário que se dê este encargo ao
Presidente, sempre é mais democrático que seja rodízio entre os relatores, ou
sorteio. Preliminarmente é assim que quero contribuir com a sua, repito, oportuníssima intervenção, porque tem que
ser chamada a atenção desta Casa para esse importante Projeto a respeito da
criação de uma Corregedoria para os Conselheiros Tutelares de Porto Alegre.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Agradeço o aparte de V. Exa.. Essas duas
questões que V. Exa levantou são pertinentes, porque nós devemos ter, quando
aprovarmos esse Projeto, absoluta clareza dessa nova estrutura que vai ser
criada para melhorar as condições de atendimento e dar mais segurança aos Conselheiros
Tutelares.
Portanto,
essa lei tem que deixar claro a
formação dessa Corregedoria e quais as pessoas que nela vão atuar.
Oportunamente, quero voltar a esta tribuna para discutir o Projeto da ciclovia,
apresentado pelo Ver. Jocelin Azambuja e que está tramitando nesta Casa, e
também o Projeto que define o uso de papel clareado sem cloro, que eu acho que
é uma medida que esta Casa tem que adotar, pois nós temos uma comissão técnica
responsável pela questão de saúde e do meio ambiente. E eu acho que o Poder
Legislativo não pode ser uma instituição que trabalhe com material incompatível
com as melhores condições de meio ambiente da nossa Cidade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uso o
tempo de Pauta para discutir o Projeto encaminhado pelo Executivo que trata da
Corregedoria dos Conselhos Tutelares.
Em
primeiro lugar, gostaria de registrar que esse Projeto é conseqüência de um
debate realizado no ano passado, no qual se chegou a um entendimento de que a
questão da Corregedoria teria que ser tratada de forma desmembrada do conjunto
das outras questões relacionadas aos Conselhos Tutelares. Optou-se então por
construir uma legislação que tratasse do processo de escolha dos Conselheiros
Tutelares, uma legislação que tratasse da questão da Corregedoria dos Conselhos
Tutelares e uma legislação que tratasse da ampliação dos Conselhos Tutelares,
das questões mais ligadas à sua infra-estrutura, portanto, relacionada a
questão que trata da Corregedoria dos Conselhos Tutelares. Eu gostaria de
registrar que não estamos criando a Corregedoria. Nós estamos melhorando a lei
anterior, que cria a Corregedoria; a lei anterior, que esta Casa votou e
aprovou, no capítulo III, cria a Corregedoria e a Coordenação dos Conselhos
Tutelares, e na própria Lei, no seu artigo 12, já existe um conjunto de
atribuições de competência da Corregedoria dos Conselhos. Essa Lei tenta definir
e tratar melhor das questões relacionadas à Corregedoria dos Conselhos
Tutelares. Não é matéria nova, a Casa já tratou em legislaturas passadas.
O
que é interessante de ser destacado, na proposta que está sendo encaminhada
pelo Executivo, é que têm questões que não estavam resolvidas na legislação
passada e começam a serem tratadas nessa. Essas questões tratam da licença dos
conselheiros tutelares e de como as denúncias serão apuradas, distribuídas e
relatas e passam a ser um avanço na discussão que conselheiros, membros do
Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e do Movimento Popular, que
lidam com essa matéria, recebem. Essa Lei é um passo a mais do que já havia
sido tomado por esta Casa no momento que construiu a legislação dos Conselhos
Tutelares, que trata da política de atendimento à criança e ao adolescente.
Refiro-me,
também sobre o Projeto de nossa autoria que disciplina o uso de letreiros em
ônibus e lotações. A nossa intenção, com esse projeto, por reclamação vinda ao
nosso gabinete, é de melhor orientar o usuário do sistema de transporte público
da Capital. Em várias linhas, tanto de ônibus como de lotação, são colocadas
abreviações que nada favorece ao usuário, pelo contrário, prejudicam. Daria um
exemplo a nós relatado: duas linhas de ônibus da Capital são indicadas por
letreiros semelhantes, isto é, “M-Santana” e “L-Santana”, um do bairro Santana
e outro do morro Santana, são dois bairros distintos, mas, pelos letreiros dos
ônibus, totalmente confundíveis. Com essa demanda chegando ao nosso mandato,
propusemos que se trate por legislação uma forma de obrigar a que todo o
sistema não abrevie as suas indicações, mas com o nome completo da linha.
Para
finalizar, - já que, em Sessão passada, solicitamos à Mesa que retirasse de
tramitação a proposição da Mesa que tenta inibir o uso do papel não-clorado,
como também os Vereadores Guilherme Barbosa e Clênia Maranhão já fazem coro,
nesta Sessão, à nossa iniciativa -, nós voltaríamos a solicitar à Mesa que,
enquanto não sejam apresentados estudos ao conjunto dos Vereadores que possam
sustentar a retirada do papel não-clorado, que essa proposição seja retirada de
tramitação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Gostaria muito de discutir o Projeto de autoria do Ver. Renato Guimarães que
disciplina o uso de letreiros nos ônibus, e o Projeto que dispõe sobre o
controle externo dos Conselhos Tutelares. Mas como esses Projetos estão em
primeira Sessão, e temos a homenagem a Paulo Freire no Grande Expediente - já
contamos com a presença de estudantes, professores e do Secretário - eu vou discuti-los em outra oportunidade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Requeiro a inversão dos trabalhos, para
que possamos passar imediatamente ao Grande Expediente, já que os convidados
estão presentes.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. José
Valdir, para a inversão da ordem dos
trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos
ao
Hoje,
o período do Grande Expediente é destinado a assinalar o transcurso do primeiro
ano de falecimento do Prof. Paulo Freire, nos termos do Requerimento nº 087/98,
de autoria do Ver. José Valdir, Proc. 936/98.
Convidamos
para fazer parte da Mesa, o Secretário Municipal de Educação, Sr. José Clóvis
Azevedo, o representante do Centro Municipal de Educação de Trabalhadores Paulo
Freire, Sra. Mara Regina T. Moreira, e a Coordenadora do SEJA - Serviço de
Educação de Jovens e Adultos, Sra. Liana Borges.
A
Vera. Tereza Franco solicita Licença de Tratamento de Saúde para o dia de hoje.
(Obs.:
foi aprovado o Requerimento de Licença da Vera. Tereza Franco, e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Carlos Garcia solicita Licença de Tratamento de Saúde para o dia de hoje,
de acordo com o art. 218, Inciso 1º.do Regimento.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento do Ver. Carlos Garcia, e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
O
Ver. José Valdir está com a palavra como proponente.
O SR. JOSÉ VALDIR: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto
Alegre, Ver. Paulo Brum; Secretário Municipal de Educação, Sr. José Clóvis
Azevedo; representante do Centro Municipal de Educação de Trabalhadores “Paulo
Freire”, Profa. Mara Regina Moreira; Coordenadora do SEJA (Serviço de Educação
de Jovens e Adultos, Profa. Liana Borges.
Quero
saudar ainda: a Profa. Odete Brizolin, também da direção do SEJA e a Profa.
Miriam, diretora da Escola Porto Alegre. Quero saudar também todos os
professores, estudantes e demais pessoas que participam desta homenagem ao educador
Paulo Freire.
A
concepção pedagógica de Paulo Freire reconhece, na aprendizagem, um ato
político. Não há, diz Paulo Freire, educação fora das sociedades humanas, e não
há homem no vazio. O homem, ser de relações, não só de contatos, não está apenas
no mundo mas, com o mundo, organiza-se, testa-se, age. Essa concepção de Paulo
Freire se contrapõe à educação massificadora que tutela, aliena e submete,
visão que interessa à política de dominação e de exclusão social. Educar para a
decisão, para a responsabilidade social e política, para a cidadania, atrapalha
os poderosos e atrapalha o projeto neoliberal que estamos vivendo. Essa
educação possibilita ao homem a discussão corajosa da sua problemática, a sua
inserção crítica nessa problemática, fortalecendo-o para lutar e transformar.
Desafia aqueles que mantêm a desigualdade e opressão. Em 1980, em seu livro
“Educação como Prática da Liberdade”, Paulo
Freire escreveu: “Todos sabemos que para os populistas no Brasil, como em
qualquer País América Latina, com a mobilização das massas cada homem vale um
voto”. Está aí o problema, pois do ponto de vista dessa pedagogia da liberdade,
preparar para a democracia não pode apenas significar preparar para a conversão
de analfabetos sem eleitor. Isso é, para uma opção limitada pelas alternativas
estabelecidas por um poder pré-existente. Em 2 de maio de 1997, o seu último
texto está recheado de indignação. “Não é possível, refazer este país,
redemocratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela a sociedade muda. Desrespeitando os
fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros,
discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando os meus filhos a
ser sérios, justos, amorosos da vida e dos outros.” Esse é um trecho de um
depoimento dado a “Folha de São Paulo” no ano passado. Paulo Freire não foi,
como alguns querem, ele é o maior educador e a maior referência da pedagogia da
libertação, da solidariedade, do diálogo. É a resposta concreta à concepção
neoliberal da mercoescola. Em seu livro “À Sombra da mangueira”, de 1995,
traduz a marca de um dos mais criativos intelectuais do nosso tempo, ponderando
como é empobrecedor o ensino baseado na pseudoformação científica do mero
treinamento ou do adestramento. Paulo Freire mostra mais uma vez acreditar no
ser humano, na possibilidade de criar o bem, na capacidade de amar. Proclama a
unissidade não só entre o saber e o fazer, entre o político e o educador, mas
também entre o cognitivo e o afetivo, entre o educar e o amar. Por tudo isso a
obra de Paulo Freire estará sempre a desmentir aqueles que tentam destituí-lo
da atualidade e aqueles que tentam transformá-lo simplesmente num mero modismo.
Paulo Freire não rima com neutralidade, sempre será o educador comprometido com
a transformação e com o combate à exclusão social. Sua proposta tem um conteúdo
popular e revolucionário como nesta passagem que lerei: “A investigação do
pensar do povo não pode ser feita sem o povo, mas como ele, como sujeito do seu
pensar e se o seu pensar é mágico ou ingênuo será pensando seu pensar na ação
que ele mesmo se superará. Essa operação não se faz no ato de consumir idéias,
mas no de produzi-las e transformá-las na ação e na comunicação.”
Eu
gostaria de registrar que também falei, com muita honra, em nome do Ver. Lauro
Hagemann, Ver. Elói
Guimarães e pela bancada do PT. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Como extensão de Mesa, queremos
cumprimentar a Diretora Municipal da Escola Porto Alegre, Sra. Míriam Pereira
Lemos, os professores e alunos do Centro Municipal de Educação de Trabalhadores
Paulo Freire, representantes do SEJA - Serviço de Educação de Jovens e Adultos,
alunos, professores e representantes. Os senhores e senhoras são muito
bem-vindos nesta Casa.
Para
falar em nome dos homenageados, passamos a palavra à Coordenadora do SEJA, Sra.
Liana Borges.
A SRA. LIANA BORGES: (Saúda os componentes da Mesa.) Ainda
complementando, cumprimento às minhas companheiras do MOVA e do SEJA, ao Grupo
de Apoio Pedagógico do MOVA e do SEJA e, especialmente, cumprimento os professores e alunos do Centro Municipal de
Educação de Jovens e Adultos. Mesmo nós estando, neste momento, comemorando um
ano de falecimento do nosso mestre e companheiro Paulo Freire, quero dizer a
todos os presentes, especialmente aos Vereadores e Vereadoras, que para nós, da
Secretaria Municipal de Educação, do
SEJA e do MOVA, Paulo Freire está vivo, está mais vivo do que nunca.
Paulo
Freire é a possibilidade que ainda nos resta de esperança, no sentido de
buscarmos possibilidades concretas, de transformar a nossa realidade enquanto
indivíduos, homens e mulheres, inseridos nas nossas comunidades, nas nossas
famílias, nos nossos trabalhos e no grupo de convívio social. Paulo Freire está
vivo porque ele nos orienta como vamos buscar a transformação desse mundo, como
vamos alimentar as nossas esperanças cotidianamente. Todos nós sabemos que essa
política neoliberal que vem sendo implantada no nosso país, trabalha na
contramão dos princípios da educação popular.
Por
isso, peço licença de fazer alguns destaques a respeito da importância do
referencial político e pedagógico que Paulo Freire deixa, e que nós, do SEJA e
do MOVA, tentamos, nos espaços de sala de aula, concretizar aquilo que ele nos
ensinou. Nós do SEJA e do MOVA, da Secretaria Municipal de Educação,
acreditamos na possibilidade de transformação dessa realidade, porque nos pautamos
pelo princípio da cidadania, pelo princípio da solidariedade, pelo princípio da
fraternidade e pela possibilidade
concreta de sermos homens e mulheres com esperança, felizes e que tomamos as
rédeas da transformação da nossa Cidade, do nosso País e, por que não dizer, do
Planeta?
Nós,
do SEJA e do MOVA e, aqui, o CMET representa uma parcela do que estamos realizando, ao longo de 10 anos de
trabalho. Para que esse Plenário tenha consciência, o SEJA e o MOVA já
alfabetizaram aproximadamente 16 mil pessoas e, agora, enfrentamos, na terceira
gestão da Administração Popular, a convocação da Cidade para, junto conosco,
construir o MOVA - o Movimento de Alfabetização Porto Alegre. O MOVA Porto
Alegre também está inspirado no MOVA São Paulo, que foi idealizado pelo nosso
mestre e companheiro Paulo Freire.
Neste
sentido, gostaria de dividir o meu tempo com alunos do CMET que têm algumas
questões a colocar, que demonstram a todos os presentes como fazemos a
experiência de educação popular nas salas, onde existe o SEJA e o MOVA. São
alunos da professora Sirley. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
(É
feita apresentação do trabalho dos alunos do SEJA. O cartaz passa por todos os
Vereadores.)
A SRA. SERAFINA DE CARVALHO: Este trabalho foi feito em homenagem a
Paulo Freire. Foi feito na sala de aula.
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos os
Senhores. Agradeço a presença do Secretário, do representante do SEJA, da
representante CMET PAULO FREIRE.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h05m.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h09mim): Estão reabertos os trabalhos da presente
Sessão.
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra para um Requerimento.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): De acordo com o anúncio da Pauta que
recebemos em meu gabinete para quarta-feira, requeiro a Vossa Excelência que,
após os trâmites regimentais desta Casa, seja declarada a prejudicialidade da
tramitação do Projeto nº 046/98, do Ver. Nereu D’Ávila, que trata de matéria
semelhante ao Projeto deste Vereador, já protocolado na Casa. Então, estou
encaminhando um pedido que fiz à Casa para que atestasse a data de entrada no
protocolo dos dois Projetos. O nosso Projeto foi protocolado no dia 19.03.98 e
o do Ver. Nereu no dia 01.04.98. Encaminho à Mesa, no sentido de que seja tornado
prejudicado o Projeto do Ver. Nereu D Ávila, visto que há quinze dias já
tínhamos protocolado na Casa uma matéria com o mesmo teor.
O SR. PRESIDENTE: Informamos que sendo matéria de igual
teor, a que entrou depois, tramita como substitutivo. Vamos verificar o
Processo e se houver essa coincidência solicitaremos ao Ver. Nereu para que transforme o Processo de sua
autoria em substitutivo do de Vossa
Excelência.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Após termos protocolado o Processo,
estabelecemos um debate com a sociedade. Portanto, fizemos reuniões com
entidades como, por exemplo, o Fórum das Entidades Negras do Município de Porto
Alegre.
O SR. PRESIDENTE: Uma coisa é o Requerimento que Vossa
Excelência já fez e que merece a acolhida deste Presidente. Só precisamos
verificar as matérias. As outras informações, como o debate com a sociedade,
temos a certeza de que todos os processos que tramitam na Casa prescindam de um
debate com toda a sociedade. Vossa Excelência fez um Requerimento, vou observar
as matérias e darei uma resposta a V. Exa. ainda no decorrer dessa Sessão.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, então finalizando, no
meu entendimento como Vereador, gostaria de colocar que é do meu entendimento
que as normas e o Regimento desta Casa.
O SR. PRESIDENTE: Vereador Renato Guimarães, sou obrigado a
interromper. V. Exa. não está falando em nome de ninguém, V. Exa. pediu para
fazer um Requerimento, eu atendi seu pedido, agora V. Exa. realmente está se
excedendo naquilo que solicitou à Mesa. Peço que, por favor, V. Exa compreenda,
assine e encaminhe o seu Requerimento
O
Ver. Henrique Fontana está inscrito, e cede seu tempo ao Ver. Adeli Sell que
está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.
Secretário, Senhoras e Senhores, acabamos de fazer uma homenagem ao educador
Paulo Freire. Início esta minha intervenção citando uma frase lapidar do mestre
dos mestres: “A tolerância é fundamental para uma nova cultura política”. A
tolerância é uma virtude não só teológica, mas revolucionária, pois significa
conviver com o diferente, para brigar contra o antagonismo”. Esta frase é de
Paulo Freire, numa de suas últimas entrevistas. Eu fiz questão de citar, porque
eu vou falar de alguns problemas que afligem o nosso Partido, o Partido dos
Trabalhadores.
Nós
vimos pela imprensa de hoje que o Partido dos Trabalhadores estaria cindido.
Manchetes dizem que o PT rachou, que não há mais possibilidade de convivência
entre as correntes internas do PT. Eu quero dizer que eu guio há dezoito anos a
minha intervenção política, a minha conduta pela tolerância, e é dessa maneira
que acho fundamental a frase de Paulo Freire, porque ele diz exatamente :“a
tolerância que é revolucionária, pois significa conviver com o diferente para
brigar contra o antagonismo.” Nós temos diferenças dentro do Partido dos
Trabalhadores, e elas foram expostas publicamente, mas depois do resultado de
ontem, temos uma chapa ao Governo do Estado, Olívio Dutra e Miguel Rossetto.
Miguel Rossetto não era o candidato que eu apoiava, eu apoiava o candidato José
Fortunati. O voto nos derrotou, mas temos uma campanha que iniciamos no momento
das prévias quando Olívio Dutra foi selado vencedor das mesmas e, ontem, com a
candidatura a Vice-Governador pelo companheiro, Dep. Federal Miguel Rossetto.
Isto não me impede de colocar aqui algumas questões, pelo contrário. Dizer a
todos que aquilo que a imprensa vem dizendo desde ontem, que um grupo de
petistas sairia do PT: eu quero dizer aqui, publicamente, não sou eu quem saio
do PT. Sou um dos seus organizadores, em nível estadual. Hoje, sou membro do
seu Diretório Nacional, estarei no final de semana em São Paulo, discutindo e
organizando o meu Partido dos Trabalhadores, o nosso PT. Não saio do PT. Se
alguém sair do PT, serão outra pessoas e, talvez, alguns até queiram a cisão.
Claro, que, provavelmente, quem mais queira a cisão do PT são os nossos
adversários políticos que estão, provavelmente, fazendo movimentos, divulgando,
fomentando os problemas que enfrentamos no último período. Digo, taxativamente,
o PT foi construído com muitas dificuldades, nós passamos por várias delas,
inclusive, logo no início da fundação do PT, em 1983, quando parecia que o PT
ia cindir entre aqueles que defendiam, como eu, como o Lula e outros, um PT amplo,
democrático, de massas e aqueles que defendiam um Partido de quadros. Venceu a
nossa proposição e o PT, hoje, é um amplo Partido de massas, revolucionário,
democrático e um Partido da cidadania. É bem verdade que convivemos com algumas
pessoas, com alguns filiados, com alguns militantes que não têm a mesma visão
que tenho. Infelizmente. Esses setores são minoria no Partido. Nós, com a
discussão democrática, sem esconder os nossos problemas, vamos levar adiante
esse embate e, tenho certeza, nós conseguiremos aquilo que muitos pensam ser
impossível: unir o povo, unir as esquerdas, fazer com que o Rio Grande tenha
um outro tipo de governo. Um governo que olhe para seus cidadãos e aposte num
novo modelo de desenvolvimento - desenvolvimento com distribuição de renda -,
um governo que aposte na agricultura familiar, que faça com que se produzam
alimentos e que a agroindústria seja uma das molas propulsoras da riqueza e de
sua evidente distribuição. Queremos um Rio Grande que tenha como pressuposto
políticas sociais, que não falte moradia, que não falte saúde e que não falte
educação. Um Rio Grande que tenha um lugar para a sua juventude, que hoje não
consegue olhar para o horizonte e enxergar o seu local de trabalho, o seu local
de estudo e seu espaço de lazer. Um Rio Grande para que o jovem da roça não
enxergue apenas o caminho do asfalto que o leva para a grande cidade, para o
desemprego, para a periferia, para a exclusão; mas para que aquele jovem do
interior possa, com dignidade, olhar o caminho da roça, porque esta lhe garante
a produção e a vida digna. Queremos um Rio Grande que possa olhar para os seus
idosos e para os seus aposentados, um espaço que o Estado e o Governo
construirão paulatinamente, não de uma hora para a outra, mas com políticas
sociais que efetivamente coloquem dinheiro público em ações concretas que
beneficiem a todos. Não como hoje, que o dinheiro público é colocado em
benefício de algumas grandes empresas, que não trazem mais empregos, que não
distribuem renda. Nós queremos um projeto distributivo, nós queremos um governo
que induza a economia, induza a economia de tal forma que tenhamos políticas de
desenvolvimento na área do turismo e outros negócios. Queremos, também, um
Estado que tenha a coragem e a determinação de enfrentar os megaempreemdimentos.
Para isso nós vamos lutar, vamos construir maiorias, para que possamos, sem
pestanejar, enfrentar um Carrefour, enfrentar outros megaempreendimentos que
vêm para destruir a nossa economia familiar, a nossa economia local e o capital
nacional. Nós vamos, sim, reafirmar as posições históricas, que muitas vezes
alguns, infelizmente - minoria felizmente -, dizem, no seu discurso,
radicalizam no seu discurso. Nós, aqui, estamos radicalizando na prática,
porque nós sabemos combinar o discurso com a prática. Vamos implementar um
Estado que enfrente as multinacionais em defesa do Rio Grande do Sul.
Acreditem, o PT é nosso e não sairemos do PT como alguns querem. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma
idéia muito assustadora está sendo disseminada no País inteiro, sob o olhar
quase desatento, quase despreocupado, ou por demais complacente dos Poderes da
República. Trata-se da guerra civil de baixa intensidade que, segundo o Líder
do MST Gilmar Mauro, sua organização está promovendo através de vários focos no
País. Estamos todos nos acostumando, e quase já encaramos como uma coisa comum, as freqüentes invasões de terra ao arrepio
da lei e da ordem. Isso não quer dizer que estejamos concordando com elas, pois
nem mesmo as chamadas esquerdas fecham bloco em torno do assunto, como
recentemente demonstrou, publicamente, o Ex-Governador Leonel Brizola ao
condenar as invasões, mesmo apoiando a Reforma Agrária, posição essa que se
identifica com a nossa.
O
fato é que estamos nos acostumando às invasões ilegais e quase deixamos de nos
preocupar com suas conseqüências nem sempre perceptíveis a quem falta a visão
macrossociológica. Nos últimos dias tomamos conhecimento de saques a
supermercados nos Estados do Nordeste. O fato já seria, de per si, preocupante,
especialmente pelas causas determinantes. Mas se torna mais preocupante ainda
quando se sabe que tais saques têm o apoio explícito, formal, aberto e
desafiador do Presidente da CUT, o Vicentinho, que ainda teve o descaramento de
afirmar que apoiava os saques mas não queria vandalismo. Como se não soubesse
que a situação em que se realiza um saque, fatalmente, implica a ocorrência de
outro. Afinal, ele mesmo se declarou um ex-saqueador.
Agora
foi a vez do Presidente da CUT no Rio Grande do Sul, Francisco Vicente - mais
um Vicente - declarar publicamente que os trabalhadores desempregados nas
principais cidades do Estado deverão se organizar para as alternativas de
sobrevivência e, se for preciso, até mesmo saquear depósitos de alimentos.
A
primeira notícia que o “Correio do Povo” de hoje estampa, em sua primeira
página, informa que o MST irá discutir esta semana a estratégia de fazer
acampamentos em frente a supermercados de São Paulo.
Segundo
o líder do MST, Gilmar Mauro, essas invasões serão simbólicas, sem descartar,
entretanto, a possibilidade de se transformarem, realmente, em invasões de
fato.
O quebra-cabeças ainda não está com todas
as peças disponíveis, ou visíveis, mas organizam-se as peças dispersas já
conhecidas e se poderá, mesmo assim, ter uma visão mais ou menos nítida do
quadro de preparação para algo maior que, certamente, já está em preparação.
Lamentavelmente,
o Governo da República tem dado munição a atitudes e a tomadas de posição como
essas.
Em
primeiro lugar por não apressar a adoção de medidas que solucionem ou amenizem
alguns dos mais angustiantes problemas sociais, tais como desemprego e a
ineficácia do sistema de saúde, que geram a miséria, a fome, a doença e a
revolta. E, em segundo lugar, por não acionar os recursos legais para coibir a
orquestração da anarquia que um grupo muito conhecido pretende implantar no
País. Grupo esse que não consegue controlar a anarquia reinante em suas
próprias fileiras e que, pretensiosamente, sonha em controlar a anarquia que
pretende institucionalizar no plano nacional. Quanto mais tolerante for o
Governo com esses procedimentos ilegais, mais força estará dando aos seus
autores e mais desencanto haverá entre aqueles que, como nós, acreditam na
obediência e no cumprimento da lei como forma de ordenamento social. De todos
os males possíveis, o hábito de ver descumprida a lei sem maiores conseqüências
é o de pior efeito, pois gera a certeza da impunidade e a descrença na validade
da lei. O Governo não pode ser condescendente com o que está se preparando no Brasil, no sentido de desestabilizar e
fragilizar esse importante instituto e deve fazer todo o esforço para tentar
impedir que as coisas tomem os rumos indesejados do confronto destrutivo
deliberado. Não acreditamos que a ilegalidade, a força, a desordem e a
destruição sejam caminhos aceitáveis para a solução dos problemas que tanto
afligem a sociedade brasileira. Acreditamos, isso sim, na ação positiva, eficaz
e realizadora dos governos, não importa quais, desde que voltados, de fato, e
não apenas no discurso, para a realização do bem comum. No âmbito municipal,
acreditamos que cabe a cada um de nós e a esta Casa, assim como cabe ao
Prefeito Municipal e a sua equipe de trabalho, fazer a sua parte no sentido de
construir uma cidade melhor e com melhores condições de vida. Cabe a cada um de
nós, representantes do povo, uma tomada de posição firme, energética, decidida,
no sentido de evitar a propagação da anarquia, pois não se apagam incêndios com
gasolina, não se constrói pela destruição e não se cura o mal com um mal maior.
Fica aqui o alerta a ser examinado em profundidade, que o bom senso seja mais presença
em todas as cabeças, em especial as apaixonadas por causas maldefinidas e as lideranças mal-estabelecidas.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. Permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Na semana passada, um bispo da Igreja da Católica foi
questionado sobre a questão dos saques. Ele respondeu com a seguinte questão:
“Sou um bispo, sou um padre, sou pastor do meu rebanho. Se meu rebanho passa
forme, como posso ser contrário a que
meu rebanho tenha que saquear para matar a sua fome?”
Gostaria
que as palavras desse bispo, que é pastor, que é padre, lá na região do sertão
do Nordeste, fizesse o Senhor compreender melhor um pouquinho o que leva um
povo a saquear.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Vereador, o bispo segue a
orientação de João Paulo II, e ele diz que tudo tem que ser de acordo com a
lei, que não se pode descumprir a lei institucionalizada. Nós somos Vereadores
e respeitamos a lei.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos a Emenda nº 14 ao PR nº
032/97, Proc. nº 3176.
O
Ver. João Dib está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
quinta-feira, neste Plenário, o ilustre Presidente da Comissão de Finanças e
Orçamento desta Casa propôs, e foi realizado, um Seminário sobre finança
municipais e nacionais. Estiveram presentes representantes da Associação dos
Agentes Tributários, S. Exa. o Sr. Secretário Municipal da Fazenda, o Senhor
representante da FEDERASUL, representante do SINDILOJAS, e também um
representante do Orçamento Representativo. E na pessoa do Sr. Luiz Osório Valdo
eu encontrei alguém extremamente interessante, que é Conselheiro Temático de
Desenvolvimento Econômico e Tributação no Orçamento Participativo.
Foram
muito importantes, sem dúvida, as colocações do Sr. Secretário da Fazenda, do
Sr. Presidente da AIAMU, da FEDERASUL, com a sua preocupação sobre o excessivo
número de impostos e taxas existentes no Brasil, e diga-se de passagem que a
Prefeitura de Porto Alegre criou apenas uma, a Taxa de Esgoto Pluvial, que não
existia, mas criou a sua, e também o SINDILOJAS mostrando a sua preocupação. O
Senhor representante do Orçamento Participativo, pessoa muito interessante e
inteligente, até distribuiu um material: “Sistema de Informações para o
Orçamento Participativo no Município de Porto Alegre”. Teceu loas ao Orçamento
Participativo, e eu fiquei encantado. Fiquei encantado porque ele trouxe o
livro “O Desafio da Mudança”. Como todos os Srs. Vereadores sabem “O Desafio da
Mudança” é a minha “bíblia petista”, é o
meu livro de cabeceira onde leio todas as coisas que o PT diz que não deveriam
ser feitas pelos outros, mas que podem ser feitas por eles. Perguntei ao Dr.
Luiz Osório se ele tinha lido todo o livro como eu li, e sublinhado como eu
faço. Se ele sabia que o Dr. Ubiratã de Souza, no Jornal Gazeta Mercantil,
declara: “Dez anos depois de adotado, e ainda muito festejado pela
Administração Popular de Porto Alegre o Orçamento Participativo mostra sinais
de fadiga. Sua burocratização excessiva, e a verba curta, entre 10 a 12% do
Orçamento Global, tem comprometido os resultados. No ano passado, por exemplo,
48% das 410 obras indicadas pela comunidade no início de 1996, e com execução
prevista para 97, não foram sequer começadas. Parte dos 52% restantes ainda está
em andamento, informou o Coordenador do Gabinete de Planejamento da Prefeitura,
Ubiratã de Souza. Os atrasos maiores registram-se na área de pavimentação
comunitária, onde 98% das obras não foram concluídas. A situação é ruim também
no setor da saúde, onde 60% das obras não foram feitas. No saneamento básico
foram 45%; na habitação, 44%; na educação, 33% e na iluminação pública, 29%.
Também não foram concluídos 2% do plano de investimento de 1996, discutido em
1995. Esse é o Orçamento Participativo, tão apregoado pela Administração da
Prefeitura.
Eu
perguntava ao Dr. Luiz Osório, a quem eu aprendi a respeitar, se ele realmente
havia lido o livro, porque a minha bíblia petista informa que: “Já o
funcionalismo municipal amargara um severo arrocho salarial. Para os cargos de
base da pirâmide salarial, níveis 1 a 3 por exemplo, o salário real em dezembro
de 1988 era 62,31%, menor que o de dezembro de 1985. Além disso, apesar de
promover uma recuperação dos salários, o plano aprofundava a discrepância de
remuneração entre as carreiras do funcionalismo, caracterizando-se pelo
tratamento diferenciado e promotor de injustiças”. Eu perguntava ao Dr. Luiz
Osório se ele havia lido isto, e ele me
disse que não. Estas coisas da bíblia petista estão escritas pela administração
prefeitural, depois da Lei Orgânica, que diz que isso não pode acontecer. Antes
a Lei Orgânica não dizia isso, não estabelecia parâmetros e ainda dizia assim:
“uma interpretação simplista em voga acusava a Administração Popular de
reproduzir o discurso dos governos conservadores e populistas que a precederam,
os quais justificavam negativa de reposição salarial sob o argumento de não ter
dinheiro. A diferença marcante, contudo, estava no fato de que o novo governo
nunca impediu o acesso aos interessados; ao contrário, estimularam-se as
investigações sobre as finanças municipais”. Quantas vezes eu fui apedrejado
nesta tribuna por tentar saber das contas do Município.
Mas eu perguntava ao Dr. Luiz Osório se ele
sabia me dizer onde estavam as atas que aprovaram a compra ilegal do prédio da
Rua da Praia, e ele não sabia. Eu perguntei se ele sabia da ata que autorizou a
transação do Jardim Leopoldina pelo dobro do preço, e ele não sabia.
Aliás,
em matéria de Jardim Leopoldina, peço ao Presidente da Comissão de Justiça que
dê uma definição à CPI que está parada lá, Ver. Elói Guimarães. A Comissão de
Inquérito para o Jardim Leopoldina está parada na Comissão de Justiça há
bastante tempo, e é preciso que seja definida.
Portanto,
são estas coisas que me fazem analisar, com tranqüilidade, os números que são
omitidos. Não é verdade que a Prefeitura estimule a fiscalização, tanto que não
conseguimos, na Câmara Municipal, obter acesso aos computadores da Prefeitura,
que, agora, anuncia que dará acesso a todo e qualquer cidadão, mas só dos
números que fornece da forma como está fornecendo agora. Nós queremos a
contabilidade na sua plenitude, sem nenhuma pedrada ao Ver. João Dib. Queremos
os números em toda a sua extensão.
A
Prefeitura que em todo o momento que tem, faz uma oportunidade para chorar. E,
aí, olhamos as obras de pavimentação comunitária. É bom saber que, na
administração de Olívio Dutra, fez - se
obras com um empréstimo para ser pago em 216 meses, trechos de 30, 80 e
100 metros. E, agora, quando o Prefeito pediu recurso para a III Perimetral, na
ordem de 150 milhões de dólares, 21 milhões de dólares são para pavimentação
comunitária. E esta Câmara, com a sensibilidade que tem, não teve nenhuma
dúvida de até ajudar a aprovar o Projeto, inclusive, para a parte de
modernização administrativa, que tem algumas coisas difíceis de entender e que
não foram muito bem explicadas também. Mas como devemos dar crédito, daremos
crédito.
Encerro,
Sr. Presidente, dizendo que o Orçamento Participativo deveria ser institucionalizado
como quis o Ver. Clovis Ilgenfritz e o Ver. Nereu D’Ávila também, mas não sem
antes dizer saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
em Grande Expediente.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Partido Democrático Trabalhista realiza, hoje, durante o dia, em especial no
final do dia, o seu encontro regional, envolvendo o seu Diretório, as
Coordenadorias e as suas Lideranças, de resto os militantes do PDT, para um ato
extremamente importante para o Estado e para as eleições: a confirmação das
suas candidaturas majoritárias; candidatura da Senadora Emília Fernandes ao
Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Nós
do PDT, evidentemente, com algumas opiniões divergentes, porque somos um
Partido democrático, travamos um amplo debate no País, e este debate inicia uma
grande costura nacional desenvolvida pelo Ex-Governador Leonel Brizola, no
sentido de criar uma frente nacional de oposição ao Governo Fernando Henrique,
em nível nacional, e de resto contra os governos perfilados com o projeto
neoliberal.
Fizemos
discussões em nível regional, em diferentes municípios do Rio Grande do Sul, e
fizemos discussões nacionais. Tínhamos praticamente resolvida a questão da
coligação. E apesar de defendermos a coligação com os partidos de esquerda, com
os partidos populares, infelizmente, não conseguimos fazer uma grande frente de
oposição no País. Não querendo, absolutamente,
aqui, discutir quem tem mais peso nos partidos de oposição, mas uma
frente de oposição, no Brasil, na quadra atual, só se concretiza com esses dois
eixos de oposição que são o PDT-PT ou PT-PDT.
Então,
se não congregarmos esses dois eixos, não se faz a união das oposições nos
Estados. Tentamos, fizemos esforços, saímos frustrados quando não conseguimos
atingir esse objetivo, porque tínhamos uma linha que dizia o seguinte: o
Governador Brizola, e estou falando aqui em obviedades, se dispôs e, até certo
ponto se dispõe, vejam bem, a ser o candidato a Vice-Presidência da República,
numa chapa com o Lula.
Por
outro lado, dois Estados eram fundamentais para que se concretizasse essa
Frente Nacional de Oposição, que é Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
No
Rio de Janeiro, o PDT, através de Anthony Garotinho, tem a liderança tranqüila
das pesquisas. Lá nós precisávamos que o PT nos apoiasse.
Em
nível de Rio Grande do Sul, Olívio Dutra tem a maioria das pesquisas, e o PDT
apoiaria o PT aqui.
Infelizmente,
não deu, não se chora o leite derramado. Eu acho que isto é um preço muito alto,
indiscutivelmente, mas a coisa está posta assim.
Então,
hoje, o PDT se reúne para tirar a candidatura de Emília Fernandes, encaminhar o
candidato a Vice-Governador e o candidato a Senador.
A
partir de amanhã, estaremos em campanha pelo Rio Grande do Sul, levando as
nossas mensagens, levando a palavra do Trabalhismo. Nós, que temos história no
Rio Grande do Sul, um partido que tem história no País.
Então,
a partir de amanhã, começaremos uma grande campanha. Queremos vencer as
eleições no Estado do Rio Grande do Sul, com a companheira Emília Fernandes,
Senadora que tem um desempenho extremamente bom no Senado Federal e que está
preparada para conduzir a bandeira do PDT no Rio Grande do Sul.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ontem, no 13º Encontro Extraordinário Estadual do Partido dos
Trabalhadores, por esmagadora maioria, foi aprovada uma resolução propondo que
se faça um esforço final, ainda em tempo - nós consideramos que a política
nacional ainda dispõe desse tempo -, para firmar uma aliança. Nós temos vários
palanques na maioria dos Estados, mas
temos Estados onde o PT está apoiando o candidato do PDT, do PSB, ou de
outros partidos ao Governo do Estado. Essa aliança, em alguns Estados, está
acontecendo. Entretanto, estamos frustrados por não termos aliança no Rio de
Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Queremos
dizer a V. Exa. que ainda alimentamos sérias esperanças e propósitos
fundamentados de que Lula e Brizola possam nos representar nacionalmente. O
grande trunfo é vencer nas eleições federais.
Quero
cumprimentá-lo e dizer-lhe que uma esperança nos resta de que tudo seja
resolvido nesses próximos dias.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exa. pelo aparte. Fica
aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta nossa manifestação, transcrevendo,
nos Anais da Cidade, o início do processo por meio de um grande ato que
teremos, hoje, do Partido Democrático Trabalhista, em que serão tirados a
candidata ao Governo do Estado, o candidato a Vice e o candidato ao Senado. A
partir de amanhã, estaremos pelas estradas, levando a palavra do PDT na busca
do Governo do Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):
Acolhemos o Requerimento do Ver. Renato Guimarães e solicitamos ao Ver.
Nereu D’Ávila, que, na tramitação do Projeto, ele possa ingressar com o
Substitutivo, ou requerer que nesse processo o seu Projeto possa se transformar
em Substitutivo ao Projeto do Ver. Renato Guimarães.
O SR. NEREU D’ÁVILA : Sr. Presidente, eu não entendi a sua
colocação.
O SR. PRESIDENTE: Eu recebi um Requerimento do Ver. Renato
Guimarães, e disse ao Vereador que daria resposta ainda hoje a respeito do
processo. Antes nós iríamos verificar o conteúdo do dois Projetos que estão
tramitando na Casa. Eu respondo ao Ver.
Renato Guimarães que acolhemos o seu Requerimento que solicita a
prejudicialidade do processo de autoria de V. Exa., mas que o processo de V.
Exa pode continuar tramitando, só que dentro de um mesmo processo como
substitutivo ao Projeto do Ver. Renato
Guimarães.
O SR. NEREU D’ ÁVILA: Na verdade, o Ver. Renato Guimarães, sob
o ponto de vista administrativo, tem absoluta razão. V. Exa na condição de
Presidente é quem declara essa prejudicialidade. Mas eu fiz uma postulação
transparente a V. Exa, para que o Plenário da Casa tomasse conhecimento dos
dois processos para que, futuramente, com vagar e lucidez possamos ampliar e
discutir o assunto. Mas eu quero dizer a V. Exa, com tranqüilidade, que a
atitude do Vereador requerente e de V. Exa estão absolutamente legais e dentro
da lei.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, é do nosso entendimento
também que a matéria que o Ver. Nereu D’Ávila trouxe, de complemento ao nosso
Projeto, com modificações de questões que nós tratamos de uma forma não muito específica,
pode ser agregado na tramitação do nosso processo como emenda.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, esse é um problema que V. Exa
trata diretamente com o Ver. Nereu D’Ávila e não deve vir a Mesa, porque não
cabe essa manifestação.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Eu no sentido de que não é automático
que o Vereador, tendo o seu Projeto declarado prejudicado, tenha que fazer
um Substitutivo. Ele fará se quiser.
Então, eu penso, com todo o respeito, que o assunto não precisaria ser tratado
em Plenário, poderia ser informado, simplesmente, o processo, ao Vereador
proponente. Quanto às emendas colocadas também pelo Vereador, da mesma forma
como V. Exa. esclarece que pode fazer um Substitutivo, ele também quererá fazer
emendas. Só gostaria de esclarecer e não complicar.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem toda a razão, se não fosse o
Requerimento que recebemos do Ver. Renato Guimarães. E eu prometi ao Ver.
Renato Guimarães que daria a resposta ainda nesta Sessão. Exatamente cumprindo
a palavra é que estamos comunicando ao Vereador e ao Plenário a deliberação.
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. João Motta está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
gostaria de externar a nossa preocupação com relação aos rumos desta conjuntura
política e particular no que diz respeito ao papel das oposições neste momento.
Quero apenas fazer uma consideração, sou um daqueles vereadores militantes,
ligados ao PT, que acredita que a condução a ser tirada na próxima reunião do
nosso Diretório Nacional, neste início de semana, com relação a este assunto,
será a orientação que todos nós acataremos, assim como acatamos desde ontem a
decisão tomada por maioria que elegeu a chapa majoritária aqui no Rio Grande do
Sul. Desde de ontem temos uma chapa completa composta pelo Sen. Bisol, pelo
nosso companheiro Olívio Dutra e pelo nosso companheiro Dep. Federal Miguel
Rossetto. Aguardamos ansiosamente as decisões do Diretório Nacional e guardamos
uma certa expectativa com relação à situação do Rio de Janeiro e um possível
desdobramento ainda favorável a um acordo nacional envolvendo o conjunto das
oposições. Em segundo lugar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de
pegar uma parte da fala anterior ao Ver. Elói Guimarães, a do Ver. João Dib, e
fazer uma relação com um evento que viveremos aqui, em Porto Alegre, pela
primeira vez, nos próximos dias. Eu extraio do pronunciamento do Ver. João Dib,
aquilo que é peculiar na sua concepção a respeito da democracia, a idéia de que
na sociedade é indispensável o reconhecimento e o exercício dos chamados
direitos políticos de cidadania, através do sufrágio universal do voto,
compondo assim o conceito que deu origem à chamada democracia representativa. E
nós temos uma polêmica a respeito da outra democracia, da participativa, e nós
queremos dizer e fazer uma leitura, Ver. João Dib, do que vem acontecendo em
Porto Alegre recentemente, ou seja, a partir de 1989, quando assumimos o
governo Municipal. Nós estendemos essa visão da relação entre estado e
sociedade, e colocamos, no meio dessa relação, a constituição de um espaço
público, em que todos os cidadãos, individualmente considerados, tenham o
direito de, livremente, exercer os seus direitos, as suas reivindicações,
fazendo com que o estado se submeta a esse debate, e fazendo com que essa
esfera não-estatal seja do controle da sociedade representada através de seus
cidadãos. Nós achamos que, com isso, estamos estendendo o conceito que
historicamente se trabalhou na sociedade brasileira, na relação entre estado e
sociedade, incorporando exatamente nesse meio à chamada democracia
participativa que estende, portanto, a leitura constitucional a respeito dos
chamados direitos políticos. Mas nós fizemos mais do que isso, e essa é a
novidade, na minha opinião, mais importante da experiência da chamada
administração popular, é uma outra leitura a respeito de uma série de outros
direitos que dizem respeito também à cidadania, mas que, infelizmente, nem
todos os governantes os reconhecem, são os direitos que dizem respeito às chamadas
diferenças entre homens e mulheres, negros e brancos, pobres e ricos, entre
aqueles que têm religião e aqueles que não têm religião, e etc. São esses
direitos que fazem parte dos chamados direitos humanos, que também compõem a
cidadania, que não são considerados, principalmente nas chamadas das sociedades
em desenvolvimento. Aqui, no Brasil, em particular, tem uma importância
estratégia a discussão sobre os direitos humanos, porque elas incorporam a
noção de justiça social, ainda inexistente. Portanto, quando um governante se
compromete com esse estágio de construção da cidadania, eu diria que ele está
tornando a sua sociedade mais contemporânea e mais civilizada.
É
por isso que nós devemos saudar a realização, nos próximos dias 15, 16 e 17, da
I Conferência Municipal de Direitos Humanos, em Porto Alegre, uma realização do
Governo Municipal e de outros órgãos não-governamentais que, há anos e anos,
militam nesta área fazendo com que se estenda o chamado direito da cidadania
também para esses princípios que são inerentes à condição humana e que, muitas
vezes, os governantes esquecem e omitem. Farão parte dessa agenda política
temas como: Globalização e os Direitos Humanos; Políticas e Articulações pelos
Direitos Humanos; Acesso à Justiça e o Papel dos Operadores do Direito;
Segurança Pública para a Cidadania; Sociedade Civil e os Movimentos Sociais na
Construção dos Direitos Humanos; Mapa da Violência, Discriminação e Exclusão e
um amplo debate sobre a Realidade das Violações e Garantias dos Direitos Humanos
em Porto Alegre, fazendo com que, na conclusão desses trabalhos, Porto Alegre
apresente, pela primeira vez, um Plano Municipal em Defesa dos Direitos
Humanos. Isso fará com que haja um
avanço, não só do conceito abstrato da cidadania, mas um avanço no sentido
concreto, e mais essa página será efetivada e realizada por um Governo de
coragem que assumiu essa leitura, não só no plano teórico, mas no plano
prático, apresentando à Cidade mais essa possibilidade.
Portanto,
nesses dias, o nosso lugar é na Conferência ou estaremos confirmando aquilo que
é, talvez, o Brasil, neste momento, a grande disputa estratégica, quando
estamos iniciando um novo milênio, que é o contentamento com esse estágio da
sociedade brasileira que deixa a maioria da população, não só excluída dos seus
direitos econômicos, mas excluída desses conceitos que fazem parte do conceito
de direitos humanos.
Nós,
por essas razões, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estaremos atentos às
resoluções dessa Conferência e estaremos presentes dando a nossa contribuição,
juntamente com todos aqueles cidadãos e cidadãs que não aceitam mais o conceito
abstrato já previsto na nossa Constituição e que representa a garantia básica
da cidadania, que é o direito ao sufrágio universal. Nós queremos ampliar esses
direitos e ampliar esses direitos significa nós incorporarmos em atitudes
práticas a defesa efetiva desse conceito e desse entendimento.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador). Quero cumprimentá-lo pelo destaque que faz à I
Conferência Municipal dos Direitos Humanos, pois é um marco para a história de
Porto Alegre e para essa luta. Recebemos, nesta manhã, um telefonema da mãe do
menino que foi morto, na semana passada, na Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor. Essa mãe se coloca, para Porto Alegre e para o Estado do Rio Grande do
Sul, como uma defensora no sentido de organizar as mães e os pais que têm seus
filhos nesse espaço e que querem tê-los de volta à possibilidade da vida, com
condições melhores do que quando ingressaram naquela Instituição. Aproveito
para destacar, neste momento, esse telefonema a esta Casa, a esta Vereadora, e
o desejo de que possamos contribuir para que fatos como este não mais ocorram e
não marquem negativamente as nossas relações humanas como estão marcando nos
dias de hoje. Obrigada.
O SR. JOÃO MOTTA: Portanto, nos dias 15, 16 e 17 o papel
nosso, dos que representam por excelência a chamada democracia representativa,
é estar ao lado de todos aqueles cidadãos e cidadãs que não aceitam meia
cidadania, ou seja, não aceitam mais o conceito e a idéia de que a desigualdade
seja algo incorporado no nosso cotidiano, e transitando, portanto, a partir
daí, em julgado a idéia de que cidadania só se faz de quatro em quatro anos, na
hora do voto. Queremos uma democracia efetiva, que acabe com as diferenças de
gênero, sexo, raça, religião, idade, e faça com que a igualdade seja parte de
uma outra visão do mundo, e de uma
outra condição humana. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
em Grande Expediente.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Partido dos Trabalhadores, num curto espaço de tempo, como bem
noticiado pela Imprensa escrita, falada e televisionada deste Estado, realizou
dois encontros de absoluta grandiosidade e qualidade política. Inicialmente, as
prévias escolheram Olívio Dutra como candidato do PT e da Frente Popular para
ser o novo Governador do Rio Grande do Sul, e, neste fim de semana, a partir de
sexta-feira, sábado e domingo, o 13º Encontro Estadual do PT que, entre outras
questões, indicou o companheiro Miguel Rossetto para compor a chapa com Olívio
Dutra e o Ex-Senador José Paulo Bisol para ocupar a vaga nas majoritárias para
concorrer ao Senado Federal. Tanto Rossetto quanto o Ex-Desembargador,
Ex-Senador, jurista, Professor José Paulo Bisol são nomes de imensa densidade
política e de trajetória retilínea na história deste Estado. Deputado Federal,
Miguel Rossetto, deputado mais jovem da Bancada do PT que, aliás, hoje faz
aniversário, tem sido um dos parlamentares mais brilhantes da atual legislatura
da Câmara dos Deputados no Congresso Nacional. O Deputado tem tratado a questão
da Reforma do Estado, as alterações propostas pelo Projeto Neoliberal e nos
fins de semana, imediatamente após o término das sessões em Brasília, vem para
a sua base fazer a discussão com os trabalhadores e com os sindicatos. Está de
parabéns o Partido na escolha deste companheiro, como também estaria se o outro
companheiro, José Fortunati, tivesse sido o escolhido.
O
Senador José Paulo Bisol terá a oportunidade de fazer um reencontro com a
história. Todos sabemos que, pela sua importância na vida recente deste País,
foi execrado por um núcleo que contrariou-se com a sua ação, seja no
impedimento do Presidente Collor, seja depois, na CPI que foi realizada no
Congresso Nacional. Com certeza o Senador José Paulo Bisol será o novo Senador
que, substituindo o Senador Simon, que termina agora o seu mandato, honrará,
com o seu brilho e compromisso, as questões sociais do Estado do Rio Grande do Sul.
Dentro
desse encontro foi aprovada uma proposta, da lavra deste Vereador, junto com
outros companheiros que tratam da questão do Mercosul e da Alca, incluída após
aprovação pelo Plenário, no Encontro, dando uma visão nova, uma visão crítica
do que são esses blocos econômicos que, nada mais nada menos, vêm a servir às
principais potências.
Ficou
bem claro, finalizado em Santiago do Chile a Segunda Conferência de Cúpula das
Américas, que tratou, prioritariamente, da questão da ALCA e que buscou, como
pano de fundo, tratar de algumas questões, que o objetivo final era a concepção
desse tratado de livre comércio. Falar disso é falar do nosso presente, é falar
do nosso futuro, já que trata de integração. Naquele Encontro, vimos muita
retórica e busca de aparente boa intenção, tudo para ocultar o verdadeiro
intento do Presidente Bill Clinton, que é fazer um único mercado, do Alasca à
Patagônia, a partir do momento em que ele perde espaços no mercado da Europa,
tendo em vista a organização dos países europeus, que agora, inclusive, terão
uma moeda única a partir do ano que vem. Historicamente, os países que têm
levantado a bandeira do livre comércio são os mais fortes, são os mais
desenvolvidos, que têm possibilidade de tirar vantagem da posição dominante que
ocupam, e aos países periféricos, subdesenvolvidos, fica apenas a tentativa de
evitar novas barreiras que são impostas pelos países centrais. Nós temos o
exemplo bem claro da dificuldade que encontra o Brasil, para exportar suco para
os Estados Unidos sob pena e sob a imposição das barreiras zoosanitárias e
fitossanitárias. Saliente-se que o NAFTA, que é composto pelos Estados Unidos,
México e Canadá, detém 88% do PIB das América, o Brasil, Argentina e Uruguai
detêm 8%, apenas, do PIB das América, e os países do Caribe, em torno de 4%. A
partir do momento em que Billl Clinton firmou, inclusive com o Presidente
brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, o compromisso de que até 2005 terá
implantado a ALCA, esse mercado será, definitivamente, como um quintal dos
Estados Unidos, gerando uma quebradeira nunca vista das empresas brasileiras,
com conseqüente desemprego e, com certeza, aumento da violência urbana e rural.
Queremos, ao final deste tempo que temos, com satisfação, do Grande Expediente,
que há muito não se realiza, que é onde nós conseguimos fazer os debates
políticos de fundo mais importantes, como 1º Secretário, fazer essa discussão.
Nós não temos mais esse tempo por força de alterações da vida colocadas neste
Parlamento e penso que este tempo, Ver. João Dib, Ver. Pedro Américo Leal, que
me honram escutando, é um tempo importantíssimo, porque é neste tempo que se
fazem os debates de grande importância para a população, e não em
encaminhamentos de alguns Requerimentos secundários.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa. me permita, esse desejo que V. Exa. tem, dessa modificação
do Regimento, estou fazendo chegar a toda a Casa essa sugestão, através de
emendas, onde o período das Comunicações passará para a frente, na frente da
Ordem do Dia. Como é na Assembléia Legislativa, a Ordem do Dia é após às 15
horas.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Na Assembléia onde V. Exa. fez debates
incríveis, por exemplo, com o Dep. Jarbas Lima, com o então Dep. José Paulo
Bisol, que estão na memória de todos
aqueles que tiveram a rara felicidade de presenciá-los.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. muito me honra. Estou tentando
fazer com que esta Casa siga os caminhos.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: V. Exa. foi o relator desta matéria que
em breve será votada pelo Plenário, que trata da alteração do Regimento, e com
o acúmulo que V. Exa. tem dessa matéria, por certo que vamos melhorar o
funcionamento, e a população, que agora nos brinda através do canal que
transmite as Sessões, poderá ver o trabalho real executado pelos Vereadores, a
sua profundidade, e saímos um pouco da mera discussão de Requerimentos
secundários, que não são a expressão do trabalho que os Vereadores desta Casa
realizam.
Quero,
por fim, dizer que estamos numa franca campanha junto à comunidade, junto aos
usuários relativamente à questão das filas dos bancos. Vim, agora, do Centro de
Porto Alegre, é um absurdo o que a população desta Cidade tem passado nas
filas. As pessoas dizendo que estão por hora na fila, como nessa oportunidade
de fim de feriado. Já colocamos o nosso Projeto aqui, os Vereadores já
dissertaram sobre ele, estamos apenas aguardando o parecer da CCJ para que
possamos fazer o debate aqui no Plenário. Mas é um absurdo - eu testemunhei
pessoalmente, com a minha assessoria, conversamos com as pessoas - o tempo que
os cidadãos desta Cidade estão sendo obrigados a permanecer nas filas. E são os
humildes, os mais pobres, aqueles que não têm cheque especial que sofrem de
forma mais acentuada os problemas que
estão sendo gerados pela ganância de
altos lucros, colocando para a rua os bancários para, assim, obterem maiores
lucros. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
Vera. Maria do Rosário está com a palavra.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, quero fazer um
Requerimento, cautelar até, no sentido de que a Casa, através de sua
assessoria, estabeleça qual a proporção adequada para cada uma das Bancadas
estarem representadas em uma Comissão Especial composta por dezessete
Vereadores. Julgamos que a Bancada do PT deve ter a mesma proporção do
Plenário, ou seja, um terço representada na Comissão.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora, as Bancadas devem estar
representadas proporcionalmente nesta Comissão do Plano Diretor e já pedimos à
Diretoria Legislativa para faça os
cálculos e nos informe.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra por
cedência de tempo do Ver. Lauro Hagemann.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaria de cumprimentar o Ver. João Motta pelo magnífico conteúdo do seu
discurso e também o Ver. Juarez Pinheiro, que nos brindou com um discurso
brilhante. Considero o período de Comunicações muito importante para que
ocorram debates acerca dos problemas municipais, estaduais, nacionais e
internacionais.
(Lê.)
“Certamente, nos dias que correm, mais de 75% da população do Rio Grande é
urbana, fruto do intenso êxodo rural e da explosão demográfica incontrolável
desde o início deste século. As marginais das cidades, sedes de regiões e da
Capital , são o vivo testemunho desse fato, como nos ensina Rubem Oliven, Sociólogo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A
presença do homem do campo nas cidades ou em suas regiões metropolitanas, pela
falência do setor primário com características ainda feudais, trouxe, como
conseqüência, a necessidade de extravasamento de sentimentos campeiros e
culturais.
Trazidos
por um “continuum” cultural - o
folk-urbano de Robert Redfield - com predominio de valores diferentes do
urbano, como a saudade - o passado nostálgico da tradição, de “épocas de ouro
vividas” -, em contraponto com a
ambição citadina do futuro, da previsão estatística, da magia do
desenvolvimento urbano, a música campeira - o xote, a rancheira, a milonga, o
El Pericón -, ofuscada pela presença de ritmos alienígenas, desde o fox-trote
ao predomínio do rock, inúmeros valores abstratos são afogados pelos valores
consumistas das megalópoles.
Nestas,
o predomínio da violência, da criminalidade, da dissolução de vínculos sociais
como o casamento, a família, da delinqüência juvenil, o uso disseminado e
indiscriminado de drogas - hoje se interiorizando em função da menor repressão
-, fatores desintegradores sociais, neurotizantes, como dizia Orestes Barbosa:
“ nestes delírios nervosos, dos anúncios luminosos, que são a vida a mentir.”
Gravames sociais que grassam em todas as cidades brasileiras de médio e grande
porte.
Em
contraposição, a vida campeira anterior, bucólica, calma, discreta, onde valores
mais autênticos e valores morais se sobressaem com a inteira permissão do
ecológico, do saudável e do natural.
Esta
percepção da alteração urbana das relações, com tendência à desintegração, à
anomia de Durkheim, fez com que na década de 80 houvesse a proliferação dos
Centros de Tradições Gaúchas, não só na Capital, expressão de uma sociedade
rural homogênea, de estrutura não ambígua, monolítica, como muito mais
intensamente ainda, no interior do Estado, esta multiplicação de CTGs foi
sintomática.
É
fundamental o raciocínio voltado para o sentimento espacial antagônico em cada
circunstância cultural. Da tradição campesina, migratória pelo êxodo rural, à
cidade pólo. Na cidade grande, a falta de espaço, a sutileza inconsciente
coletiva claustrofóbica, gerada pela impossibilidade de expansão ou pela
verticalização de seu crescimento. No campo, o excesso de espaço, a sutileza
inconsciente coletiva agorafóbica, gerada pela ampla possibilidade de expansão,
ou a horizontalização de seu crescimento. No campo, o ser gregário pelo
isolacionismo da imensidão do verde. Na cidade, o ser isolado, ensimesmado pelo
individualismo, o rosto na multidão, diluído no aglomerado urbano intensamente
povoado.
Duas
abordagens absolutamente opostas, criando culturas diferentes, sincretizadas
pelas migrações e marchas sociais, na lendária busca de um El Dorado utópico,
inexistente, onírico, o fascínio da cidade e do capitão de indústria, onde as
pessoas são pagas para trabalhar. Como em Freud: “um sonho é uma loucura, um
episódio psicótico”. Ou em Guerra Junqueiro, em seu “Velho Tema” (Lê): “Esta
felicidade que supomos, / Árvore milagrosa que sonhamos, / Toda derreada de
dourados pomos / Existe sim, mas nunca a pomos / Onde nós estamos / E nunca
estamos onde nós a pomos.”
Esta
insatisfação evidenciada pelo “Homo oeconomicus” que povoa nossas cidades tem
como reação a tendência tradicionalista do uso do chimarrão, do uso da indumentária do homem do campo pelo jovem
citadino, em detrimento da Coca-Cola e da calça “jeans”. É a volta da música
tradicionalista, como se quisesse expressar o resgate de suas origens. O que é
gauchesco deixou de ser “grosso”. O inconsciente coletivo de retorno ao campo.
Assim como as cidades tinham o seu centro comercial como pólo centrípeto e que
pelo excessivo crescimento urbano a descentralização se faz. Seja do centro
para os bairros, seja pela valorização das terras mais longínquas, distantes da
poluição, dos congestionamentos de trânsito, da neurose coletiva da
administração pública e comercial de nossas urbes. Assim também há migrações
centrífugas (na medida em que se desenvolva um sistema viário rápido e seguro
que permita a esta seta ir mais longe) em direção, inicialmente, à periferia
rururbana das cidades e, por fim, ao interior,
ao campo, às cidades satélites ou à amplidão do pampa em busca do verde,
do sossego, longe do burburinho, dos grandes centros e próximo aos sons da
natureza. É a volta do “homo faber” ao “homo ludicus”, que se constituíam
os primeiros “homo sapiens” ou do
racional ao natural.
É
o êxodo rural ao contrário? É a volta à fazenda?
Se
o tradicionalismo procura reeditar a tradição
da vida rural, ele o faz
em um Estado urbanizado que se quer moderno, sempre a partir de sua
capital e maior pólo urbano. Pode parecer curioso que esse movimento lance mão
de valores rurais e do passado, quando o Rio Grande do Sul é predominantemente
urbano e bastante industrializado. Mesmo em outros estados brasileiros, a expansão do tradicionalismo se dá acompanhando as grandes migrações gaúchas em
busca de novas terras.
“Apesar
de ser o locus da modernidade, a
cidade não elimina a tradição mas, ao contrário, tende a recriá-la. Assim, o
urbano é um espaço onde convivem simultaneamente a modernidade e a tradição,
que é atualizada e reposta de acordo com as modificações pelas quais a vida social está passando”,
como nos ensina Ruben Oliven, mais adiante.
Não
é verdade que na geografia de Porto Alegre tudo é cidade. Há um espaço
agrícola, rural, que deve ser respeitado. Tanto nele quanto no asfalto há lugar
para a miscigenação cultural, para o tradicionalismo, para a cultura urbana. É
o cadinho fundamental para as experiências de volta às nossas mais caras tradições.
Esta
é uma das formas de permitir a expansão do “anima” das cidades, de deixar
pulsar o seu “cuore”, sem os cientificismos impositivos dos nossos abusos
racionalistas a predominar sobre tudo o que é espontâneo, a anular esquinas,
pontos de encontro e concretar seu folclore. Muitos dos cálculos dos outros
planos diretores de Porto Alegre, em que a futurologia era um exercício
necessário e obrigatório, se frustraram pela previsão de um crescimento
populacional que não se deu.
Ou
pela imprevisão da descentralização maciça por que passa hoje nosso centro
histórico, administrativo e comercial da cidade, quando o homem urbano,
montando em seu cavalo de ferro, às vezes elmo, carapaça, ás vezes lança
mortífera, tem ido à guerra diária, trocando seu caminhar impotente vagaroso,
por uma montaria de ferro, de centenas de cavalos-vapor, de cavalgada veloz,
polidora, mortífera, neurotizante, buzinadora, num trânsito de conformação
“rato em guampa” na ponta da península.
Parece
estar-se dando conta desta insanidade e passando a descentralizar suas
atividades comerciais, industriais, administrativas e profissionais,
permanecendo longe, raramente chegando ao centro da urbe e fazendo do seu
domicílio periférico o centro de uma nova sociedade, que no dobrar do século
terá, certamente a tendência à prestação de serviços, em troca da propriedade
rural no feudalismo, em troca da propriedade industrial no capitalismo, por um
terciário mais racional, menos genocida, na próxima sociedade, Mais natural.
É
isto que deveríamos ter em conta ao votar um novo Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre. Deixemos para as próximas
gerações, pelo menos nossa cidade, ao cultuarmos ao mesmo tempo, a modernidade
e o tradicionalismo, que jamais foram
incompatíveis, mais humana, mais respirável e mais amena.
Sem
obviarmos a tendência de volta a um centro fantasmagórico, museológico, sem
alma, como por exemplo, a nossa Rua da Praia dos atuais fins de semana, apenas
como representação de um excesso centrípeto da urbanização do início do século,
ou como depósito de um lixo social que não só polui nosso sentido da visão mas
envenena a alma de nossos munícipes, como mágoa a presidir esta grande
frustração.
Conservemos
os espaços agrícolas de Porto Alegre intocáveis como tal, como pulmões de uma
cidade que precisa respirar, que precisa desta válvula de escape para se
individualizar, para se diferenciar de outros aglomerados urbanos,
monotonamente iguais, poluídos, distanciados de uma tradição que teima ainda em
conviver com o urbano. Não percamos o sotaque. A nossa identidade. Está em
nossas mãos, senhores Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome
da Bancada dos Vereadores do PT, quero aqui, formalmente, trazer informações, a
nossa palavra a esta Câmara de Vereadores, que é uma Casa política, sobre a
convenção estadual do meu Partido, ocorrida nesse final de semana, com a
presença de mil e trezentos delegados de todo o estado do Rio Grande do Sul,
com muita energia, com muito debate, como aliás é uma marca registrada do nosso
Partido, que, ao contrário de representar problemas, quando democraticamente
encaminhado, representa muita vitalidade, representa exatamente uma
característica de um Partido que não tem chefe, tem líderes, sim. As decisões
nascem e se fortalecem a partir de todos da base partidária.
Discutimos tática eleitoral; discutimos
programa de governo; discutimos, enfim, a composição final da nossa chapa
majoritária e da nossa chapa de candidatos proporcionais. Resultou que como
candidato a Senador teremos a representação que a nós muito orgulha, do
ex-Senador José Paulo Bisol, que em dois discursos muito contundentes,
recheados de emoção, na abertura e no encerramento do nosso encontro, mostrou que será, sem dúvida, o novo Senador
do Estado do Rio Grande do Sul a partir do dia 4 de outubro, retomando uma
cadeira que já foi sua, que ocupou com muito trabalho, com muita dignidade. O
ex-Senador Paulo Bisol voltará, com certeza, ao Senado da República,
representando o nosso Estado.
Para
candidato a Vice-Governador, em uma disputa de Plenário, onde tivemos debates
importantes, com pessoas e companheiros do mais alto nível de estatura
política, e física inclusive, entre Miguel Rossetto, Deputado Federal e José
Fortunati, Vice-Prefeito e Secretário de Governo, resultou indicado o nosso
Deputado Miguel Rossetto, que em seu primeiro mandato foi considerado um dos
Deputados Federais mais influentes da nossa Câmara em Brasília. Hoje está fazendo
apenas 38 anos de idade - através deste discurso quero levar o meu abraço de
parabéns ao nosso companheiro - e já tem uma história de militância sindical
importante, no seu primeiro mandato, com presença também marcante na Câmara
Federal. Como já era conhecido, resultado de nossas prévias, o nosso candidato
a Governador, Olívio Dutra, foi também referendado, por unanimidade, no nosso
encontro no final de semana. Temos, portanto, uma chapa majoritária, com
candidatos do mais alto nível político, que travarão um debate fundamental
sobre os rumos do nosso Estado com o candidato da outra frente, Antônio Britto.
Embora não fosse o nosso desejo, teremos ainda como candidata a Senadora Emília
Fernandes, que, com certeza, será uma aliada nas propostas para combater o
projeto defendido pelo atual Governador, Antônio Britto, que diz que não é
candidato, mas nós já estamos acostumados, pois ele não costuma fazer o que
diz; faz exatamente o contrário. Estamos prontos a derrotá-lo no dia 4 de
outubro e começar a escrever a história do Rio Grande do Sul, a governar para
todo o povo do Rio Grande do Sul, a partir, de fato, do povo e não a partir das
grandes corporações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, depois
de ouvir três Vereadores do PT - Adeli Sell, João Motta e Guilherme Barbosa,
respectivamente - justificando-se, eu fiquei preocupado. O que é que houve
nessa convenção, em que surgiu uma nova estrela no PT? Com 38 anos, Miguel
Rossetto, implodindo a pretendida candidatura de José Fortunati, se alçou à
glória. Quem é Miguel Rossetto? Eu conheço. V. Exa. diz que é um grande
Deputado. Acredito que seja um homem competente; já debati com ele em programas
de televisão. Mas, de certa forma, é um homem desconhecido no Rio Grande do
Sul.
Isso
está parecendo uma réplica daquela anedota, em que um sacerdote foi ao púlpito
e, repentinamente, declarou para a sua Igreja: “Eu sou honesto, eu não tenho
amantes, eu, absolutamente, pego o dinheiro da paróquia”. Mas ninguém perguntou
nada a ele. E os fiéis se acotovelavam e perguntavam: “Mas, por que ele está
dizendo isso? Não sabemos .Eu estou, praticamente, na situação daqueles fiéis.
O que o PT quer dizer, que não diz? O PT quer se afirmar, o PT quer dizer que
saiu incólume dessa convenção, não saiu! Todo o Rio Grande sabe que não saiu.!
A confusão, em torno do PT, é muito grande. Tarso Genro está profundamente magoado.
Ou V. Exas não sabem que Tarso Genro está profundamente magoado? Não aceitou
ser Vice-Governador, não aceitou ser Senador, não aceitou coisa alguma, mas
deseja fazer a campanha de Lula. O que é que houve durante essa apuração de
votos? Não se sabe. É um mistério. Onde está o PT? Quais foram as linhas do PT
que se encontraram? A linha intelectual com a linha mais raivosa, mais
sanguinária? Não sei.
Estou,
aqui, falando de um Partido que não é o meu, mas movido pelas insinuações e
provocações dos Vereadores do PT. Três Vereadores vieram, aqui, na tribuna. O
Ver. Adeli Sell, quase chorando, veio justificar-se que não iria sair do PT.
Mas eu não perguntei nada! Nunca pensei que o Ver. Adeli Sell sairia do PT.
Depois, veio o Ver. João Motta, muito tristonho, também, justificando-se. E,
agora, veio o Ver. Guilherme Barbosa, que é o Presidente Metropolitano do PT.
Mas
o que é que o PT quer dizer que não diz? O PT que diga há alguma coisa
desassossegando o PT? Talvez esteja frustrado porque não pôde se amancebar com
o PDT? Não sei, mas o PDT está muito satisfeito, porque esse matrimônio não
saiu; o PDT está muito exultante.
Eu
não entendo a política do Rio Grande, mas quero saber qual é, na verdade, o
clima do PT, porque o PT me desassossegou. É só isso. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço
esta Comunicação de Líder, no dia de hoje, para dar à sociedade rio-grandense
uma notícia muito agradável: a posse do Secretário Extraordinário do Governo
Britto para a Metade Sul do Rio Grande, o ilustre homem público, Dr. João
Gilberto Lucas Coelho. Pois o Rio Grande tem acumulado, durante os últimos
decênios, o encargo de carregar uma Metade Sul do seu Estado eivada de
problemas.
Quem
viaja do Arroio Chuí para o centro do Estado, percebe, a cada porteira, uma
falência. É flagrante o êxodo rural. É indisfarçável a monocultura orizícola
que, contrastando com as grandes extensões de municípios, vemos invadindo, cada
um deles, uma onda muito grande de pobreza, de miséria, de doenças. E os
fenômenos de acúmulos que acompanham a Metade Sul do Rio Grande, especialmente
da metade deste século em diante.
Há
uma ausência de possibilidade de soluções, entre elas, através de um
cooperativismo que existe na Metade Norte;
na Metade Sul, ainda é
inconcebível.
Se
a Metade Norte está povoada de regiões agroindustrializadas, a Metade Sul não
consegue inserir a indústria e passar para o secundário a sua produção
primária.
Se
a Região Norte do Rio Grande do Sul é de minifúndios, à Região Sul correspondem
grandes latifúndios improdutivos.
A
partir do Governo Antônio Britto, com o privilégio de contar com a assessoria
do Governo Federal para tentar resolver esse problema da Metade Sul do Rio
Grande através de um projeto chamado Reconversul, está se investindo na Zona
Sul do Rio Grande. Especialmente se tentando, de todas as maneiras, fugir da
monocultura, fugir da solução que se encontra apenas na agropecuária há tantos
anos. Através da cultura orizícola, pela riqueza de água e pela extensão das
terras da Zona Sul, faz-se com que a grande maioria dos fenômenos de produção
dessa área, em antagonismo às propostas mercantis do Mercosul, sofra um grande
número de falências.
Esta
semana, foram liberados um milhão de reais específicos para a Zona Sul,
acompanhando a posse do Secretário João Gilberto, que foi Deputado Federal,
Vice-Governador, Presidente do PSDB no Rio Grande do Sul, Cientista Político,
Professor da Universidade de Brasília e, hoje, ao assumir a Secretaria
Extraordinária, é, indiscutivelmente, um homem voltado, com intenso amor, ao
Rio Grande; com intenso esforço, na busca de soluções para os problemas da
Metade Sul do Rio Grande. Ele é, principalmente, uma esperança para a gente
daquela região, que vê, no novo Secretário, uma possibilidade de saída por um
sistema que venha a sanear todos os problemas que a Zona Sul do Estado, há
tanto tempo, vem apresentando e que venha a resolver os desafios colocados para
cada administração que se inicia. Por isso, saudamos o Dr. João Gilberto,
desejando a ele o maior sucesso nessa empreitada que hoje se inicia. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU DA ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
tarde de hoje está sendo pródiga em pronunciamentos partidários, já que,
justificadamente, os partidos estão fazendo os seus encontros preliminares antes
das convenções, estabelecidas em lei, que devem ocorrer no mês de junho, já
esquentando os motores para a grande corrida de 4 de outubro.
O
PDT se insere nesse debate de uma maneira entusiasmada, alegre, feliz, porque,
sem demérito da política das alianças, que é uma estratégia válida, salutar,
nas condições em que a aliança ia-se estabelecer, nós considerávamos - uma
plêiade de pedetistas na qual eu me encontrava - que contamos com uma
candidatura que só pode crescer - e vai crescer, porque se trata de uma pessoa
qualificada, que conhece os problemas dos gaúchos e da economia gaúcha -, que é
a Emília Fernandes, com um conjunto de nomes altamente qualificados. Um dos
jornais de hoje citou sete nomes que podem preencher a chapa majoritária, quer
como Vice-Ggovernador, quer como Senador. Um partido que tem a história que tem
o PDT, herdeiro de uma tradição de, quando no governo, procurar qualificar a
economia, trabalhar pela educação, que é a marca maior do PDT, através dos
CIEPS, da educação integral. Enfim, um partido que tem tradição e lideranças do
porte de Leonel Brizola, que ainda continua lúcido, continua com uma estratégia
política correta, a tal ponto que, hoje, no “Correio do Povo”, o Jornalista
Mendes Ribeiro, que foi, em pleitos de outrora, o deputado mais votado do Sul,
que é um figura qualificada deste Estado, Jornalista de prol, ele, em se
dizendo não-brizolista, em se dizendo que não tem partido, mas ele elogia o Sr.
Leonel Brizola, porque o Sr. Leonel Brizola continua com a mesma disposição, com
a mesma ênfase, com a mesma vontade de disputar o pleito no Brasil, não se
dobrando a possíveis resultados do Rio de Janeiro, a possíveis retiradas de
candidatura daqui, dali, de acolá. Não. O Sr. Brizola nunca disse que não tinha
vontade de ser candidato, como o Sr. Lula disse, como o Sr. Tarso Genro, que
era uma unanimidade, porque sabia-se que ele extrapolava os quadros do PT para
ampliar naqueles não-partidários. Portanto, tinha uma candidatura com uma
potencialidade fortíssima e que, não vendo acolhida a sua pretensão de ser
candidato a governador, não aceitou o Senado, que corria como uma barbada; não
aceitou agora ser vice-governador, o que contemplaria todos os quadros do PT, e
acabou sendo vaiado. Então, pessoas que, não vendo acolhida a sua pretensão,
desprezam o restante e não pensam na pretensão dos outros, ao contrário do Sr.
Brizola, ele que se lançou candidato a vice de
Lula. Quando muitos disseram que ele não ia se submeter a tal humilhação, ele disse: “Em nome da unidade das
esquerdas e da oposição no Brasil, eu vou ao Lula”. E foi ao Lula, quis ser o
vice do Lula. Foi à convenção do PT e foi ovacionado. Aconteceu tudo aquilo e
tiraram do Brizola as condições de novamente oferecer-se. Então, hoje à noite,
dentro de poucos instantes, o PDT irá ratificar a candidatura de Emília e de
ilustres nomes entre os quais estava cogitado o nome do nosso grande
companheiro Ver. Pedro Ruas que poderia ser uma alternativa nova, entusiástica
e de grande penetração como uma liderança promissora, como vice-governador. O
PDT irá, hoje, antes mesmo da convenção de junho, firmar-se no quadro político
eleitoral do Rio Grande como uma proposta séria, válida, com nomes de expressão
e, como já disse, com a história e tradição que ele possui.
Portanto,
se o Ver. Pedro Américo Leal detectou nos Vereadores do PT um entusiasmo não
existente, porque não saíram da convenção completamente felizes, como se
pretendia vê-los, com o PDT aconteceu o
contrário. Nós estamos indo para um encontro, hoje, onde todo nós - tenho certeza
disso porque faço parte de base partidária - estamos felizes porque temos
candidata, teremos chapa própria e porque daremos uma alternativa ao Rio Grande
no primeiro turno. O segundo turno só a história saberá. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento. Proc. 1158/98 - Projeto de
Resolução nº 20/98 que altera dispositivos da Lei 5811/86 que estabelece o
sistema de classificação de cargos e funções da Câmara Municipal de Porto
Alegre. Há um Requerimento firmado pelo Ver. Nereu D’Ávila pedindo renovação de
votação.
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós, é
claro, não vamos nos manifestar sobre as questões internas do Partido dos
Trabalhadores - o PT - porque eles já estão com problemas demais para resolver
e não precisam estar nos ouvindo ainda.
Queremos
falar sobre alguns problemas que eles não têm conseguido resolver na Cidade de
Porto Alegre e isso é importante! Nós estamos vendo hoje o abandono do Parque
Marinha do Brasil. O Parque Marinha do Brasil, propositadamente, está sendo
abandonado pela Administração Municipal, pelo Prefeito Raul Pont, porque,
teimosamente, o PT quer fazer a pista de eventos junto ao Parque Marinha do
Brasil e, com isso, eles estão procurando abandonar, estão fazendo depósito de
lixo no Parque. A situação já foi denunciada pela Associação dos Amigos e
Moradores do Menino Deus e estão num processo, justamente, de procurar criar
condições adversas à utilização do Parque. Nós apresentamos um Projeto que está
tramitando na Casa que prevê o termino da pista de caminhadas do Parque
Marinha, que é incompleto, porque a pista de caminhada do Marinha vai daquela
pista de treinamento, que fica em frente a área do Shopping até perto do
Gigantinho, e não completa o anel que precisaria ter, justamente, circundando
por dentro do Parque, - toda área de caminhada - três mil novecentos e quarenta
metros. Então, hoje, as pessoas são obrigadas a caminhar no Marinha assim, vão
e voltam, quando deveria ter o anel formado para que a caminhada se procedesse
de maneira mais positiva. E, ao mesmo tempo, como o Parque é muito freqüentado,
ocorre, Srs. Vereadores, que nós precisamos separar aqueles que caminham daqueles
que transitam de bicicleta. Se os Senhores andarem no Parque Marinha do Brasil,
aos sábados e domingos ou feriados, quando há um maior afluxo de pessoas que
vão desfrutar do Parque, ocorrem os acidentes entre aqueles que andam de
bicicleta e aqueles que caminham; surgem os problemas, os conflitos e tudo isso
prejudica o lazer das pessoas. Então, a pista de ciclovias dentro do Parque e a
pista de caminhada, concluindo o anel, seria justamente a solução adequada para
nós darmos ao Parque Marinha do Brasil uma estrutura melhor e, além disso eu
quero aqui denunciar isso e dizer que realmente de propósito, está-se jogando
lixo no parque, principalmente junto àquela área do bosque, onde o governo do
PT queria destruir, para fazer a pista de eventos e que, com a ação da Justiça
Estadual, do Ministério Público e da Promotoria de Defesa Comunitária, hoje
está com o processo embargado, com uma liminar que foi concedida à Promotoria.
Então,
nós precisamos ter consciência de que o governo municipal não se dá por vencido.
Nós já temos, transitando nesta Casa, o Projeto da Vera. Clênia Maranhão, que
autoriza a construção da Pista de Eventos, aqui no local onde é realizado o
carnaval, na rua Augusto de Carvalho, e que fizemos uma Emenda ao Projeto da
Vereadora, permitindo também que o Município receba área do Governo do
Estado, já que o Governador Antônio Britto se colocou à disposição para doar
parte da área do Centro Administrativo, para que se faça, em definitivo, a
Pista de Eventos. Nesse final de semana se realiza um evento em que os
carnavalescos já faziam o sorteio para o carnaval de 1999. Então, eu vejo como
uma posição lamentável por parte do Prefeito Municipal de Porto Alegre, por
parte do PT, de querer impor à comunidade do Bairro Menino Deus a Pista de Eventos,
de não dar por vencida a vontade popular, de não se darem por vencidos a
decisão judicial que, tenho certeza, a Justiça Estadual confirmará plenamente a
decisão liminar.
O
mais grave é que hoje se está procurando tornar a área um depósito de lixo, e isso
não é admissível. O Parque Marinha do Brasil precisa ser conservado, cuidado, é
o pulmão de Porto Alegre, é um local de lazer, e nós precisamos fazer com que
esse Parque tenha estrutura e condições para oferecer um excelente lazer a
todos, inclusive tendo ali uma ciclovia, uma pista de caminhadas, tendo toda a
estrutura, justamente para permitir um excelente lazer. É necessário que o PT,
que tem essas posturas erradas, radicais, de não se dar por vencido, quando
sente que a vontade popular é contrária, e quer impor a sua vontade, modifique
um pouco a sua conduta, porque tudo isso é em prejuízo à população de Porto
Alegre e a nossa sociedade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum passamos à
PROC.
1949/96 - VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/96, que autoriza a permuta do imóvel de
Dinah Nichele, sito na Av. Campos Velho, 1086, pelo próprio municipal sito na
Rua Silveiro, 290.
Pareceres
- da CEFOR. Relator
Ver. João Carlos Nedel: pela
manutenção do Veto Parcial;
- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela manutenção do Veto
Parcial.
Observações:
- adiada a discussão por
uma Sessão;
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO
- rejeita o Projeto,
aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 41/96 – Veto
Parcial. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, está encerrada a discussão.
Em votação. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa é
uma questão que, inicialmente, pode parecer controvertida, existem
posicionamentos de Vereadores importantes da Casa relativamente a matéria que
eu respeito.
Quando
o Município aliena bens com inexigibilidade de licitação, ou com licitação, ou
quando há permuta de imóveis que haja diferença, ou seja, o bem do Município
tem valor superior ao bem do particular, há necessidade de que esse particular
complemente esse valor. O Ver. Pedro Ruas tem tratado dessa matéria, mas
defendemos aqui a questão da manutenção do veto porque os valores, depois de
feita a avaliação pela Secretaria do Planejamento através de uma equipe técnica
que trata disso, arquitetos especializados, para valores de mercado.
Posteriormente a isso, os valores são corrigidos até a data do pagamento pelo
IGPM, da Fundação Getúlio Vargas, que mantém um equilíbrio financeiro da
negociação feita. Se colocarmos, Ver. Pedro Ruas, um juro em cima estaremos nos
apropriando de um valor do particular que não tem sentido. Agora, se os valores
das prestações estiverem atrasadas, quando não pagas na data aprazada, há uma
multa de 10% contra a qual os
Vereadores se insurgem. Então, é importante que tenhamos nesta matéria um
tratamento uniforme, ou seja, já há a correção devida, os valores já são
corrigidos pelo índice que melhor trata desta matéria que é o IGPM, da Fundação
Getúlio Vargas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para
encaminhar em nome do PDT.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Veto
Parcial em que debatemos e votaremos a seguir, na verdade, é exemplificativo. É
um Projeto emblemático daquilo que nós há muito tempo defendemos nesta Casa,
Ver. Pedro Américo Leal, que é exatamente a incidência dos juros, previstos na
Constituição Federal, para os casos em que há parcelamento dos valores devidos
à Prefeitura Municipal nos casos em que, por algum motivo, o particular, o
cidadão, a cidadã, necessita parcelar a
dívida que tem junto ao Município.
Nós
não temos o direito de, em uma situação geral que ocorre diariamente, abrir mão
dos juros, Ver. Paulo Brum, que a própria Constituição Federal estabeleceu. O
que me parece preocupante é que nós façamos a análise caso a caso, Ver. Juarez
Pinheiro, e percamos o ponto de vista geral para casos da mesma natureza. Eu
ouvi com atenção o pronunciamento de V. Exa. e, obviamente, foi um
pronunciamento feito com a maior correção e com o brilho costumeiro que V. Exa.
traz a esta tribuna, mas a divergência que temos é justamente no aspecto geral
das questões dessa natureza. Nós temos tido nas questões das nesgas de terras
para lindeiros ou em outras assemelhadas a situação difícil de termos, por um
lado, um parcelamento com a correção monetária, é verdade, do IGPM, mas, por
outro lado, não há qualquer vantagem para o particular pagar à vista o seu
débito para com o Município se, no parcelamento, ele não tem qualquer espécie
de juro. É verdade que, ele tem os juros de mora, caso não pague no prazo
estipulado, mas quando paga no prazo estipulado, no caso em tela, nas 6
parcelas mensais e consecutivas, não há para o Erário Municipal qualquer
vantagem de um juro que a Constituição Federal estabelece. Vejam bem, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, não é um juro criado ao acaso, é um juro da
Constituição Federal, estabelecido pelo Constituinte de 87/88 e que temos para
a imensa maioria dos casos a obrigatoriedade de aplicá-los. Se temos aqui e, já
tentou, através de Projeto, o Ver. Antonio Hohlfeldt, a quem me reporto neste
momento, uma situação particular, que pode ser debatida dessa ou daquela forma,
nós não podemos esquecer que é uma situação que se repete e com a qual temos
que lidar quase diariamente e, desta forma que estamos analisando, é impossível
fazer com que o Município perca em cada transação desse tipo porque não há
ninguém de sã consciência que vá fazer um pagamento à vista podendo fazer
parcelado, sem juros. Ora, parece-me óbvio porque é uma questão, até, de bom
senso que se o Município não estabelece como norma geral, como queria o Ver. Antonio
Hohlfeldt - com razão - e este Vereador que acompanha o mesmo raciocínio, se o
Município não estabelece como norma geral os juros constitucionais, vejam bem,
constitucionais, não são juros além da Constituição, são juros que a
Constituição estabelece para o Erário Municipal. Mas que direito temos nós,
Vereadores do Município, de fazer com que o Município não arrecade esses juros. De alguma forma este raciocínio
- e eu respeito a posição em contrário - mas este raciocínio que confronta essa
idéia está equivocado, porque o Município não pode perder toda vez que houver
um parcelamento para pagamento de imóvel. Há um problema sério nisso, e nós já
debatemos há vários anos essa mesma questão. Não há interesse do particular em
fazer o pagamento à vista se ele tem a opção do pagamento parcelado sem juros.
O nosso encaminhamento é pela derrubada do Veto. A pergunta final: que direito
temos nós de isentarmos - isentarmos sim, porque a Constituição Federal
estabelece um juro para todos os casos -
desse juro, ao mantermos o Veto, os particulares com prejuízo dos cofres
municipais? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol encaminha pelo
PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos
sustentado em várias situações que o que se discute quando do exame de Veto são
os fundamentos e não o Projeto que foi objeto da votação anterior, que gerou
esse Veto.
Então,
cabe discutirmos aqui os fundamentos do Veto que o Sr. Prefeito apôs a esta
Emenda do Ver. Pedro Ruas. E o fez sustentando que: “A parda meritória intenção
do autor da Emenda nº 1, entendo que a expressão ‘juros constitucionais’
contida no parágrafo único da citada,
art. 4º, por não expressar o índice exato, eis que a Carta Magna, no parágrafo
3º, art. 192 apenas dispõe que as taxas de juros reais não poderão ser superior
a doze por cento ao ano, não pode, por esse motivo, ser adotado. De fato, o
citado dispositivo constitucional não estabelece nenhum percentual fixo. “
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vamos discutir o conteúdo dessas afirmações do
Veto. Parece-me muito de filigrana. Se aqui é reconhecido que a Constituição
estabelece que os juros são de até doze por cento, acho que a definição de
juros constitucionais já está licitamente colocada. Juros constitucionais são
aqueles que não excedem a doze por cento ao ano. Evidentemente, que o
dispositivo vetado até teve o condão de estabelecer um limite, ou o limite
contido na própria Constituição, tão-somente dizer o seguinte: nos casos de
inadimplência tem que haver juro moratório e esse não excederá a doze por cento
ao ano.
Então,
na discussão do Projeto, parece-me, ficou amplamente esclarecido. Agora, no
Veto, e sendo esse o fundamento do Veto, não diz Sua Excelência, o Sr.
Prefeito, que essa Emenda seja contrária ao interesse público nem
inconstitucional. Ele diz, apenas, que a Emenda por ser contrária ao interesse
público não cabendo a cobrança de juros sobre prestações decorrentes da
diferença de valor entre os imóveis a serem permutados. Como se sabe, a permuta
pressupõe igualdade de valor entre os bens permutados. Quando tal não é
possível, é legalizada uma complementação pecuniária a fim de que tal igualdade
seja atingida. Claro que essa cobrança de juros pelo Município, acarretaria um
ganho financeiro sobre o valor da dívida, o que é inadmissível porque desnatura
o ato em questão.
Vejam
os Senhores, que a Emenda do Ver. Pedro Ruas diz o seguinte: ”Serão aplicados
os juros constitucionais em cada uma das parcelas vincendas”. Naturalmente, se
houver parcelamento e, nesse caso, há parcelamento, a cobrança desses juros nas
parcelas vincendas é lícita. No valor de quanto? O valor que for
contratualmente acertado, nunca excedente ao limite constitucional de 1%. O
Ver. Antonio Hohlfeldt queria a aplicação de uma multa, acho que uma multa
seria um exagero, seria uma demasia, mas, no ajuste de uma prestação vicenda,
estabelecer um juro que não excede a 1% ao mês não é escorchante, não enseja o
enriquecimento ilícito do Município e nem tampouco gera uma situação injusta
para o contratante, no caso, aquele que foi beneficiado pelo ajuste, porque
permutou e tinha que pagar uma diferença. Como bem diz o Ver. Pedro Ruas: se
abrirmos a possibilidade de parcelar em até seis vezes, doze vezes, sem que
exista nenhuma combinação legal a majorar, ele jamais optaria pelo pagamento de
parcela única. Até 1% é juro constitucional, não é escorchante, é tolerável. Eu
anteriormente, em matéria símile, manifestei-me contra a imposição de multas,
nesse caso entendo que o juro é moral e eticamente defensável, na medida em que
ele é limitado aos dispositivos da Constituição Federativa deste País. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar pelo PPB tem a palavra o
Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que
realmente me preocupa é a cara assessoria prefeitural de S. Exa. o Dr. Raul
Pont. Não dá para entender que pessoas que recebam altos salários redijam essas
razões de veto para que o Prefeito assine: “Descabe a cobrança de juros sobre
prestações decorrentes da diferença de valores entre os imóveis a serem
permutados. Como se sabe, a permuta pressupõe igualdade de valor entre os bens
permutáveis. Quando tal não é possível é realizada uma complementação
pecuniária a fim de que tal igualdade seja atingida. Claro está que a cobrança
de juros pelo Município acarretaria um ganho financeiro sobre o valor das
dívidas, o que é inadmissível. Portanto, desnatura o ato em questão.”
Ora,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, alguém cheio de títulos redigir esse
parágrafo precisa voltar à escola. Não desnatura coisa nenhuma. Contrato é um
acordo de vontades e poderia, sem dúvida nenhuma, ter sido colocado que estas
prestações seriam corrigidas com juros mensais e, aí sim, deveria ser estipulado
juros de 6%, 8%, no máximo 12% ao ano, que é o que prevê a Constituição
Federal. Mas a lei prevê que as prestações são reajustadas pelo IGPM. Isso já é
o suficiente. Agora, o que eu não aceito é que alguém escreva e o Prefeito
assine o que foi aqui escrito, que a “cobrança de juros viria a desnaturar a
permuta”, porque os valores devem ser iguais, ou próximos da igualdade, porque
dificilmente vamos encontrar imóveis que custem exatamente iguais em reais.
Está muito malredigido e a única coisa que está correta por parte do Prefeito é
dizer que as prestações são corrigidas. E se acontecer a inadimplência - e isto
não está escrito aqui - é claro que a Prefeitura vai colocar juros e ainda
multa em cima da inadimplência. Quanto a isto ninguém deve ficar preocupado,
porque a Prefeitura não vai perdoar O que está se discutindo aqui é se deve
aplicar o juro sobre as seis parcelas. E foi estabelecido que as seis parcelas
seriam corrigidas pelo IGPM. Esta é uma forma que eu acho correta e não tem por
que não aceitá-la. A Exposição de Motivos do Prefeito me deixa triste. Se eu
fosse o Prefeito não assinava tal justificativa. Mas isso não impede que eu
diga até para os que redigiram isso: Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar,
em votação nominal o PLE nº 041/96 – Veto Parcial. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADO o Projeto, por 16 votos SIM, 15 votos NÃO, em sua parte vetada. Mantido o Veto Parcial a ele aposto.
Esclareço
os Srs. Vereadores sobre a indagação quanto ao Plano Diretor, em especial o
Ver. João Dib, que ele já se encontra com a Diretoria Legislativa, e a
proporcionalidade já está estabelecida, para que as Bancadas possam fazer as
suas indicações, nesta Comissão de dezessete Vereadores.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Considerando o número excessivo de Requerimentos, requeiro que passemos
imediatamente a apreciá-los.
O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Adendando ao Requerimento do Ver. Juarez
Pinheiro, requeiro que, ao entrarmos na apreciação dos Requerimentos, apreciemos primeiro o Requerimento de minha
autoria, que pede urgência ao Projeto de Lei de autoria do Ver. João Dib que
susta a construção de megacontruções em Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Paulo Brum, como não existe, na
verdade, um consenso na Casa - estou vendo que a Bancada do PT, através da sua
Liderança, a Vera. Maria do Rosário já se opõe ao Requerimento de V. Exa.- ,
colocarei em votação os Requerimentos em separado. Primeiro, votaremos o Requerimento
do Ver. Juarez Pinheiro;
posteriormente, o de V. Exa.
Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Juarez Pinheiro. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em
votação o Requerimento do Ver. Paulo Brum para que o Processo, de autoria do
Ver. João Dib, que susta temporariamente a construção de áreas de venda com capacidade maior de 3 mil metros
quadrados, seja apreciado em Regime de Urgência. A Vera. Maria do Rosário está
com a palavra para encaminhar.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
queremos encaminhar contrariamente, com muito respeito, a proposição do Ver.
Paulo Brum.
Na
semana passada e na outra, tivemos um amplo debate nesta Casa e não concluímos
ainda o nosso julgamento.
Estamos
em meio a um processo de pensarmos a Cidade, o seu desenvolvimento urbano, a
sua vida relacionada, fundamentalmente, à proposição de futuro que temos para
ela, tanto do ponto de vista ambiental quanto do desenvolvimento urbano, na sua
gestão, conceitos já incorporados a todo o planejamento urbano, desde várias
décadas, nesta Cidade de Porto Alegre, e que fazem dela, também, a Cidade da
qual nos orgulhamos nos dias de hoje.
Sabemos
da importância de incorporarmos a esses conceitos o conceito e a preocupação
específica com o desenvolvimento sócio-econômico, ou seja, o impacto
sócio-econômico de cada empreendimento trazido, estabelecido na Cidade de Porto
Alegre, para a sua área.
Neste
sentido, Srs. Vereadores, muitas questões precisam ser consideradas. E é certo
que o Ver. João Dib apresenta algumas delas na sua proposição.
Mas
queremos pedir a sua sensibilidade, Ver. Paulo Brum, e a sensibilidade do Ver.
João Dib, para que não votemos ainda este Requerimento de Urgência, porque
temos um caminho a trilhar. E também porque o Poder Executivo, atento que está
às disposições e aos debates que esta Casa desenvolve, assim como as
associações empresariais dos pequenos, dos micro, dos médios empresários de
diversas regiões da Cidade - da Assis Brasil, da Azenha e outras - também
desenvolvem toda a área econômica que se volta sobre isso. E a atenção do Poder
Executivo nos pede que construamos juntos a melhor proposição num sentido não
transitório, como a proposta inicial trazida à Casa, debatida pelo próprio Ver.
João Motta, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, e incorporada à
preocupação do Ver. João Dib.
Nós
não queremos votar o Requerimento de Urgência hoje, porque queremos conversar
mais. As nossas razões são as razões do diálogo, são as razões da busca de soluções,
são as razões de tentarmos - no próprio Projeto do Ver. João Dib ou, mais
diretamente, junto ao próprio 2º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental, Projeto para o qual teremos estabelecido um rito especial
possivelmente a partir da próxima quarta ou quinta-feira -, a possibilidade de
discutir a descrição dos empreendimentos, os segmentos de mercado para atuação,
a incidência sobre a oferta, o emprego, a relação dos grandes empreendimentos
com a pequena empresa, que já está incorporada ao mercado da Cidade de Porto
Alegre, e a possibilidade de atuarmos sobre essa matéria, não significando
nenhuma intervenção, mas significando, seguramente, o planejamento da Cidade,
que nós devemos à Cidade, quando reconhecemos, nos nossos discursos políticos,
que são, na nossa análise econômica, a pequena, a microempresa, as geradoras de
mais de 60% dos empregos, numa época em que, certamente, merece destaque toda a
iniciativa no sentido da geração de renda e emprego, na medida em que a nossa
Região Metropolitana amarga números que não são frios, mas que são a própria
vida das pessoas, de mais de duzentos mil desempregados.
Então
nós, Srs. Vereadores, estamos debatendo o mérito da questão. Vários Vereadores
e, certamente toda a Bancada do PT, já estiveram nesta tribuna trazendo
elementos para esse debate, e nós queremos continuar debatendo. Se votarmos
hoje a urgência, estaremo-nos adiantando e colocando sobre nós mesmos desta
Casa a responsabilidade de votarmos num curto espaço de tempo aquilo que temos
mais tempo para considerar, especialmente quando do rito do Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano. Portanto, quero, em nome da Bancada do PT, pedir a
sensibilidade dos Srs. Vereadores para que não modifiquemos a ordem dos
trabalhos quanto aos Requerimentos e que mantenhamos o Requerimento do Ver.
Paulo Brum no prazo em que ele entrou, portanto após aqueles que estão
primeiro. Aí, no devido tempo, poderemos analisar o que é melhor para a Cidade.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não
consigo entender a posição do PT neste exato instante com relação a este
Projeto. O Ver. João Motta, que pertence ao PT, provocou uma reunião neste Plenário, com a presença dos vários
setores interessados, no sentido de fazer com que aquilo que está descrito
neste Projeto pudesse se tornar realidade, até porque, naquele momento, os
vários setores interessados, inclusive a ABRAS, à qual a AGAS é subordinada,
concordava que, nas grandes cidades do mundo, existe uma tendência, hoje, de
fazer com que essas grandes construções de supermercados, de shoppings centers, possam se dar mais na periferia da Cidade, como atração do
progresso, assim como acontece na Bélgica - temos a legislação -, em Portugal e
até nos Estados Unidos, em algumas áreas - o exemplo citado é de Miami -, os
grandes supermercados ficam na periferia. Todos saíram, naquele dia, daqui,
acertados de que essa seria a melhor idéia. Ao invés de o Projeto entrar pelo
Ver. João Motta, e eu pensava que ele era o autor do Projeto, entrou através do
Ver. João Dib. Mas, tudo bem! Eu acho que o problema não é quem seja o autor da
idéia, o problema é que a idéia foi defendida, no início, pelos membros do PT,
e estavam aqui representantes do
Executivo, se não me engano, o Vice-Prefeito também estava presente. Saímos
daqui com a idéia de que aquilo seria o mais correto e, no meio do caminho,
surgiu uma mudança de posição do Sr. Feijó, que é o Presidente da ABRAS. Ele
deu uma declaração e as pessoas que estavam aqui entenderam como se ele
estivesse contrário, mas aquele dia ele estava presente e concordou com as
idéias que foram apregoadas. Imediatamente, Ver. Pedro Américo Leal, num passe
de mágica, o PT, que era favorável a que o processo pudesse tramitar
normalmente, começou a pensar diferente, mudou de posição juntamente com a
ABRAS. Foi exatamente o que aconteceu, e tudo que estou falando aqui está
registrado no processo, e eu tenho certeza de que está na ata da reunião
daquele dia, reunião provocada pelo Ver. João Motta, lá está a segurança com
que todos eles falavam a respeito da necessidade do Projeto. Eu também tenho o
discurso do Sr. Feijó, que mudou o posicionamento com relação àquele dia, e, por
incrível que pareça, os ventos também sopraram e atingiram a Administração
Popular, que mudou junto com a ABRAS. Eu continuo achando que realmente é um
problema de zoneamento, que temos que discutir no Plano Diretor. Eu acredito
que esses grande equipamentos de vendas, como é o caso dos grandes shoppings centers e supermercados, devem
ser construídos nas regiões periféricas, como pontos de atração. Isso já
acontece nas grandes cidades do mundo, e muitas delas foram citadas, inclusive
com legislação. Essa legislação, que é muito farta, está acompanhando o
processo. Agora, não se quer votar o Projeto. A urgência estava sendo pedida
pelo Ver. João Dib, ele resolveu
retirá-la, mas o Ver. Paulo Brum, que viu que o Projeto era bom e atendia
exatamente àquilo que os Vereadores pensavam, está pedindo urgência novamente.
Só que o pedido de urgência não é para que se vote a favor do Projeto, está
pedindo apenas que seja votado e que os Vereadores manifestem as suas posições
em relação ao Projeto.
A
essa urgência, pelo menos pelo pronunciamento da Vera. Maria do Rosário, estou
vendo que o PT é absolutamente contrário a que possa se dar neste instante.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
não está claro, conforme estávamos conversando no Plenário. O Requerimento do
Ver. Paulo Brum trata de tentar colocar em primeiro lugar o pedido de urgência;
nós ainda não estamos debatendo o mérito da urgência. É uma pergunta desta
Vereadora.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O entendimento desta Presidência é de que
nós estamos apenas encaminhando a votação sobre se vamos votar prioritariamente
o Requerimento do Ver. Paulo Brum, que pede urgência. Caso seja aprovado,
posteriormente será apreciada, aí sim, a urgência.
O
Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar pelo PPB. Cinco minutos com V.
Exa. Não são permitidos apartes.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou
encaminhar no mesmo sentido que foi encaminhado até agora.
Apresentei
um Projeto de Lei, fruto de análise daquilo que aconteceu nesta Casa. Este
Projeto de Lei correu Pauta e bateu recorde: dos quinze tempos de Pauta, doze
foram utilizados para que ele fosse analisado. Eu apresentei um pedido de
urgência. Ouvindo a Liderança do PT e dadas as veiculações na imprensa,
favoráveis, contrárias, duvidosas, eu entendi que deveria retirar a urgência.
Não tenho atenção da Liderança petista, mas vou continuar o meu discurso. A
Liderança petista prometia trazer novos dados, o Ver. Juarez Pinheiro,
diligentemente colocou a sua emenda, e foi só. No resto nós estamos esperando.
Eu sou um homem crédulo. Estou lembrado que no ano passado foi votada aqui uma
matéria também vinculada a shopping center e supermercado. Eu pedia
constituição numa Comissão Especial no primeiro Projeto, para que ele fosse
analisado, aprovada seria a Comissão Especial. Foi solicitado pela Bancada do
Partido dos Trabalhadores que eu retirasse aquele pedido de Comissão Especial,
que o segundo Projeto, que era o mais importante, seria apresentado em duas ou
três semanas, e eu teria Comissão Especial para o segundo Projeto. Crédulo sim,
tolo não. Cinco meses e meio depois foi apresentado, e foi pedido urgência, foi
pedido em 81, eu acho. Então, eu acho que já estou vacinado. O Ver. Paulo Brum
apresentou pedido de urgência, tem o meu apoio, tem o apoio da minha Bancada,
porque no passado nós pagamos para a Liderança Petista, que nem ao menos me deu
atenção agora, está discutindo problemas, magnos da pátria. depois ser-me-á
dito que não teve tempo de estudar o problema. Mas o Ver. Adeli Sell se
manifestou favorável, o Ver. João Motta se manifestou favorável, o Ver. Juarez
Pinheiro colocou uma emenda porque tinha dúvidas, e o Projeto estava aí para
ser melhorado pelos eminentes técnicos do Município, porque um Projeto de Lei
se apresenta para ser examinado, para ser estudado para ser aprimorado e nada
disto foi feito. Então, eu fico muito triste de ver que mais uma vez o PT pede
que não seja votado a urgência, mas nem diz um prazo. Vejam que eu sou ainda
crédulo, se me dissessem, olha daqui a 48, 72, 120, ou 240 horas, nós vamos
apresentar algumas emendas. Não, nada disso. Fizeram com que eu aguardasse por
bastante tempo a votação da urgência, não foi votada a urgência, e sempre dizendo,
nós estamos estudando, nós estamos estudando. A onde está o estudo? Deve ser
igual aquele do Shopping Cristal que eu dizia que era o shopping papel, e que
me senti profundamente lesado, porque acreditei nas promessas que me foram
feitas, que duas, três, quatro semanas, mas veio cinco meses e meio depois, com
pedido de urgência de 81, não estou lembrado de tão brabo que fiquei. Não
convém que se fique brabo, conforme o Ver. Pedro Américo Leal tem me ensinado, devo aprender as suas
aulas. Então, porque aprendi as aulas, vamos votar favoravelmente, quando for o
momento, ao Pedido de Urgência proposto pelo Ver. Paulo Brum e sem que se deixe
de dizer a todos os Vereadores, inclusive à Bancada do Partido dos
Trabalhadores, cuja liderança não me deu a mínima atenção, saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador).
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Nereu D Ávila encaminha pelo PDT.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho
defendido uma tese que vou insistir até verificar se estou enganado - graças ao
bom Deus tenho essa pequena virtude de, quando errado, assumir o erro e voltar
ao certo, considero importante, ninguém, a não ser Deus, sabe tudo e sempre tem
razão- a minha tese é de que o Executivo tem uma máquina de moer, ele tritura
algumas questões, não só de Bancadas de oposição, mas também dos seus próprios
Vereadores. Boas idéias aqui são completamente esfacelas pelo Poder Executivo,
inclusive dos Vereadores do PT. Vou citar duas: uma de um Vereador que há um
ano, dois anos- não me recordo bem- apresentou um serviço odontológico para as
vilas populares, uma idéia excelente, Porto Alegre precisa muito, uma idéia que
se coaduna com a nossa proposta, do PDT, e do PT, partidos de esquerda que
lutam pelos excluídos. Um Vereador do PT apresentou um Projeto que foi
aprovado, pasmem, o Governo obrigou a sua Bancada a derrotar o seu próprio
partidário. Eu, coerentemente, votei contra o veto e denunciei, na época, mas
nem por isso a Bancada do PT deixou de derrotar o seu colega cuja idéia era e
continua sendo excelente. Agora, o Ver. João Motta fez uma Sessão Especial.
Cheguei aqui em um dia que não há sessão e a Câmara estava reunida. Estava aqui
com as luzes apagadas, aliás, coisas estranhas como essa começam a acontecer;
luzes apagadas, “slides” passados por determinadas entidades. Agora, essa
entidade e aquele cidadão que trouxe os “slides” mudaram de posição. Mas, nem
por isso a idéia do Ver. João Motta, a sua exposição e aquela Sessão que foi
Especial deixou de ter uma validade muito grande.
Outro
dia, eu ouvia um debate na televisão sobre abertura do comércio aos domingos e
um representante do Sindicato dos Comerciários novamente trouxe os dados com
ênfase de que se cria um hipermercado que dá seiscentos empregos, mas no derredor os pequenos comerciantes vão despedir,
no mínimo, oitocentas pessoas, ou seja, é algo que os países do primeiro mundo
estão excluídos
Então,
a proposta foi excelente, a Sessão foi excelente, a idéia é excelente, mas eis
que tiraram o Sr. João Motta do ar. O Ver. João Dib a reapresentou e, agora, o
Ver. Paulo Brum está pedindo urgência.
Nesse
meio tempo, o Ver. João Motta ficou perplexo porque o Sr. Raul Pont achava que
a questão não era bem assim, mas que já tinham licenciamentos concedidos. O Sr.
Juarez Pinheiro apresentou uma emenda para dinamitar o Projeto do Ver. João
Dib, com outro sentido, com a má-fé de sempre, a coisa degringolou, e a idéia
que era boa hoje está cheia de interesses que vêm e que vão e não sei quem tem
a razão. O que o PT quer? Quer que aguardemos aqui o que eles querem nos impor!
Nós somos um bando de ovelhas e temos que aguardar o que a Prefeitura mandar,
porque acham que ela tem idéia melhor, melhor do que a do João Motta, do que a
do Ver. João Dib e de qualquer um de nós, ledo engano. O Ver. Juarez Pinheiro
tem mania de interromper quem está falando para dizer besteira.
E
não vai fazer Questão de Ordem, não! Encerro esta fala lamentando tudo isso.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Não tenho o Regimento na
minha frente, mas acredito que seja o art. 218, que trata da questão de decoro
parlamentar. O Vereador que estava na tribuna, de forma indelicada e
irresponsável, como tem caracterizado alguns de seus pronunciamentos, diz que
este Vereador apresentou, uma emenda, com má- fé. Quero dizer a V. Exa. que o
Vereador feriu a ética e peço que o Vereador seja repreendido por V. Exa. por
esse comportamento irregular e irresponsável.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. Juarez Pinheiro, infelizmente, eu
posso dizer a V.Exa.
(Apartes
anti-regimentais.)
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h55mim.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h06min): Estão reabertos os trabalhos.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Sr. Presidente, em nome da Liderança do
PT, solicitamos as notas taquigráficas do Ver. Nereu D’Ávila. O Vereador não se
encontra em Plenário, mas gostaríamos de deixar registrado, neste momento, essa
solicitação, na medida em que consideramos, em nossa Bancada, que um Vereador integrante
de nossa Bancada, portanto, nós todos, foi ofendido a partir do pronunciamento
do Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Vossa Excelência sabe que depois de
quarenta e oito horas os pronunciamentos são públicos e poderão ser solicitadas
cópias, mas antes desse prazo só com autorização expressa do Vereador.
Portanto, Vereadora, depois das quarenta e oito horas as notas taquigráficas
estarão à disposição não apenas da Vereadora mas de qualquer pessoa que queira
ter acesso a elas.
Vamos
colocar em votação Requerimento de prorrogação da Sessão por mais duas horas.
Por solicitação do Ver. Renato Guimarães a votação será nominal.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Após a chamada.) Sr. Presidente., gostaria de saber se os Vereadores Renato
Guimarães, Maria do Rosário e Guilherme Barbosa, que se encontram em Plenário,
responderam a chamada.
O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores não responderam a chamada.
Portanto, não estão presentes. Não existe, no nosso Regimento, o voto visual.
Resultado da votação: 11 votos SIM 01
voto NÃO.
Com
a presença deste Vereador-Presidente, são 13 Vereadores presentes. Não há
quórum para o prosseguimento dos trabalhos.
Encerro a presente Sessão e convoco os
Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às 18h17min.)
* * * * *